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Variedades Quinta-feira, 25 de Novembro de 2021, 00:00 - A | A

25 de Novembro de 2021, 00h:00 - A | A

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Selva urbana



por Eduardo Rocha

Auto Press

                Nada mais urbano que uma scooter. Rodas pequenas, curso de suspensão curto, pouco altura para o solo, muita agilidade para andar entre os carros e, claro, um prático porta-objetos sob o banco. Acontece que em boa parte das cidades no Brasil, as emendas de asfalto, valas, quebra-molas e buracos em geral são capazes de humilhar muitas estradas sem pavimento. Nada mais lógico, então, que aumentar a robustez e a capacidade de enfrentar ruas precárias de uma scooter. Nesse embalo, é natural caprichar no visual aventureiro. A Honda ADV 150 segue o conceito criado na Itália para a big scooter X-ADV 750 e tem se dado bem no Brasil. A moto começou a ser vendida em janeiro deste ano e vem cumprindo uma média perto de 1 mil unidades por mês – a projeção inicial era emplacar 10 mil por ano, marca que será atingida ainda em novembro. Isso apesar do preço pouco convidativo para uma scooter de 150 cilindradas: R$ 18.500, sem frete.

 

         A base estrutural da ADV – motor e chassi – é o mesmo da PCX, scooter mais vendida no país. O propulsor tem 149,3 cm³, um cilindro com refrigeração líquida e rende 13,2 cv de potência e 1,38 kgfm de torque, sempre gerenciado por um câmbio CVT. Mas os pouco mais de R$ 3 mil adicionais do preço da ADV em relação à PCX vem de diversas pequenas alterações, além da óbvia diferença de roupagem. Nenhuma peça visível é igual à usada na PCX. A frente traz um conjunto ótico duplo, com assinaturas de led que sobem pelo escudo em direção aos piscas. O para-brisa transparente é recortado e reforça o aspecto off-road do modelo. Laterais e traseira seguem o mesmo conceito, com carenagens recortadas e com musculatura bem marcada. A ADV é vendida apenas na cor vermelha combinada com detalhes em preto e branco, numa referência ao visual clássico da big trail Africa Twin.

                Além do visual, o modelo sofreu diversas outras alterações mecânicas. Admissão e escape foram reprojetados para reduzir o ponto de torque máximo em 1.500 giros, para 5 mil rpm. Outra mudança foi na parte traseira do chassi de berço duplo, redimensionada para receber o pneu traseiro mais largo e os amortecedores a gás da ADV. Ainda assim, a roda traseira teve de ser reduzida de 14 para 13 polegadas por conta do perfil mais alto do pneu de uso misto – 130-70 13 contra 120/70 14 da PCX. Com a adoção de amortecedores traseiros Showa, o curso passou de 100 para 120 mm. Na frente, os telescópicos também ganharam um curso maior em 30 mm, passando para 130 e os pneus passaram a ser 110/80 14.

                Estas mudanças alteraram a altura livre para o solo, que subiu de 13,7 para 16,5 cm, uma diferença de 2,8 mm. A elevação da altura do assento foi um pouco maior, 3,1 mm a mais, para 79,5 cm. Os 3 mm correspondem ao acolchoamento mais encorpado do assento. Outro reflexo da alteração na suspensão foi na distância entre eixos, que ganhou 1 cm e ficou em 1,32 metro. O comprimento total ficou em 1,95 metro de comprimento, 76 cm de largura e 1,15 m na altura – respectivamente 2,7 cm, 1,8 cm e 4,6 cm maior. O peso subiu em 1 kg de peso e chegou a 127 kg em ordem de marcha.

                A ADV traz todos os recursos eletrônicos e de conforto oferecidos nas PCX de topo, como chave presencial para travas e ignição, ABS de um canal – apenas na roda dianteira – iluminação full led, luz diurna, freio a disco na frente e atrás, tomada de 12 V e painel em LCD com computador de bordo, relógio, hodômetros parciais e marcador de combustível. O tanque, que tem o bocal à frente do banco, tem capacidade para 8 litros. O consumo médio previsto é 40 km/l na estrada a 80 km/h e de até 50 km/h em circuito misto. Na avaliação, no entanto, a média em circuito misto foi de 34,1 km/h, o que rende uma autonomia em torno de 270 km.

 

Impressões ao pilotar

Scooter multiuso

                O visual agressivo da ADV passa a impressão de que ela é capaz de enfrentar situações desafiadoras. Em boa parte, é verdade. Afinal, ela tem curso de suspensão maior e altura para o solo ampliada e pneus de uso misto. Além disso, com as mudanças no aparelho respiratório – admissão e escape – do motor de 149,3 cm³ de 13,2 cv, os 1,38 kgfm chegam a pleno a apenas 5 mil giros – 1.500 rpm mais cedo que na PCX. Isso se traduz em arrancadas mais fortes, ganhos de velocidade mais consistentes e maior capacidade de superar pequenos obstáculos em um trecho fora de estrada leve. Não se trata de um modelo off-road, mas ainda assim é capaz de se aventurar por aí.

                Mas não se pode esquecer do lado scooter do modelo. O projeto original de veículo urbano não foi suplantado pelas adicionais off-road que recebeu. Na verdade, as duas características se somam para oferece maior conforto e robustez para enfrentar ruas esburacadas ou pequenos trechos de estrada de terra. No ambiente rodoviário e até mesmo em vias expressas, a ADV mostra os limites, impostos não por sua arquitetura, mas pelo propulsor. A ADV fica pouco á vontade em velocidades acima de 80 km/h. Para o uso no dia a dia, no entanto, ela traz todas as vantagens de um scooter, como capacidade de manobra, agilidade, espaço para bagagem, etc. Outro ponto positivo é a posição de pilotagem, proporcionado pelo mais próximo do condutor permite, que uma postura mais ereta, que dá maior controle e permite cobrir trechos mais longos com menor cansaço.

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