Thaís Melchior foca nos conflitos de personagem e minimiza responsabilidade de protagonizar "Vitória".
A beleza clássica de Thaís Melchior combina perfeitamente com o estereótipo das mocinhas românticas. Mas, na pele de Diana, protagonista de "Vitória", da Record, a atriz garante ir muito além do óbvio que se espera do posto de heroína de um folhetim. Afinal, a personagem já passou por "poucas e boas" e movimenta grande parte da história de Cristianne Fridman. Por isso, Thaís precisou extravasar e entender emoções que nunca havia experimentado. Seja para interpretar as sequências em que Diana julgava ter se envolvido em uma relação incestuosa com Artur, de Bruno Ferrari, seja para as cenas de sofrimento da personagem após a morte do pai ou ainda para os momentos de afeto com a égua que dá nome à novela. "É uma mocinha de personalidade forte. Desde que recebi a sinopse, venho me surpreendendo com várias situações e estou aprendendo muito a cada dia", afirma.
A rotina atribulada de protagonista, aliás, não chega a ser uma surpresa para Thaís. Em 2011, ela interpretou o papel principal de "Malhação", a eclética Cristal. Na verdade, a atriz até sente falta de gravar quando tem uma semana mais calma de trabalho. "Tem fases. A Cristianne escreve de uma maneira que acaba ajudando todo o elenco. Tem momentos em que a história de um personagem está mais em evidência e os outros têm uma folga", esclarece. Mas ela prefere não pensar na responsabilidade que é estar à frente de uma novela. Em vez disso, conta com o apoio dos colegas de elenco quando aparece alguma cena difícil e se entrega ao máximo à personagem. "Acho que assim o trabalho flui de uma maneira mais leve, sem peso, sem aquela cobrança. Procuro não ficar pensando muito nisso e tem dado certo", acredita.
Para dar conta de tudo, antes da estreia de "Vitória", em junho deste ano, Thaís "mergulhou" na preparação e frequentou aulas de montaria. Mas, com a novela no ar e o ritmo intenso de gravações, foi impossível manter a mesma dedicação. Mesmo assim, sempre que o texto aponta uma nova direção na trajetória de sua personagem, a atriz busca alguma referência como fonte de inspiração. "Eu estudo muito em casa. Sempre que posso, recorro a filmes, a livros, a alguma notícia... Tenho esse cuidado de me atualizar", explica.
Com o passar do tempo, a relação com a égua com que Thaís divide muitas cenas também se tornou mais próxima. Desde o início, era preciso que ficasse claro na tela a intimidade entre as duas. E a convivência quase diária só potencializou isso. Hoje em dia, a atriz chega no haras em que acontecem as gravações com os cavalos e percebe que a égua logo reconhece sua voz. "Teve uma cena em que eu chorava muito e acho que ela percebeu que era uma situação triste porque ficou esfregando o rosto no meu, dando carinho. É um animal impressionante, muito expressivo", surpreende-se. Mesmo assim, as sequências em que Thaís monta de fato são as mais simples e contam com uma equipe grande ao redor. Para evitar um acidente, a atriz só grava pequenos trechos em cima do animal e em uma velocidade baixa. As cenas de corrida são feitas por uma dublê. "O puro sangue inglês é o cavalo dos jóqueis. Quando ele vai para a pista, se transforma e não para de correr. É muito arriscado", avalia.
Assumidamente autocrítica, Thaís tem o hábito de assistir a todas as suas sequências em "Vitória". Quando não pode ver a novela no ar, grava o capítulo para fazer uma avaliação detalhada no final de semana. "É muito importante a gente ter consciência do nosso trabalho, ver onde tem de melhorar e os ajustes a fazer", reforça.