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Caderno B Sexta-feira, 27 de Julho de 2018, 00:00 - A | A

27 de Julho de 2018, 00h:00 - A | A

Caderno B /

Alvo certeiro



por Geraldo Bessa
TV Press

A versatilidade é um dos grandes trunfos de Mário Teixeira. Em “O Tempo Não Para”, sua terceira novela como autor titular na Globo, é a primeira vez que ele desenvolve uma ideia originalmente sua e de forma solo. Antes, ao lado de Alcides Nogueira, foi coautor do sucesso “I Love Paraisópolis”. Em 2016, assumiu o texto da elogiada “Liberdade, Liberdade”, cujo argumento era de Márcia Prates. “Gosto de trabalhar e me adapto muito facilmente. Sou um apaixonado por televisão. Então, me agarro às boas oportunidades e tento dar o meu melhor sempre”, destaca. O equilíbrio entre propostas conceituais e apelo popular de seu texto, além da organização na hora de escrever uma novela, foram fatores levados em consideração na hora da Globo adiantar o lançamento da história de adaptação de uma família congelada no final do Século XIX que desperta na São Paulo de 2018. “Essa trama me acompanha há muitos anos. Estava só esperando o momento certo de apresentá-la”, valoriza.
Natural da cidade de São Paulo, Teixeira estreou na tevê no final dos anos 1990 como integrante da equipe de roteiristas do clássico “Castelo Rá-Tim-Bum”, da TV Cultura. Ao longo da carreira, passou por emissoras como a extinta Manchete, SBT e Band, até que se fixou na Globo, onde colaborou em novelas de Walcyr Carrasco, Alcides Nogueira e Silvio de Abreu. Após 15 anos trabalhando em novelas alheias, estreou como autor titular em “I Love Paraisópolis”, trama cômica que conquistou o público das sete e catapultou Teixeira para o primeiro time de autores da emissora. “Logo depois, veio a chance de escrever uma novela das onze. Foi ótimo ter que fazer novelas tão diferentes em um curto espaço de tempo”, garante o autor que, paralelamente ao ofício de novelista, mantém uma frutífera e premiada carreira na literatura juvenil, com títulos como “Salvando a Pele” e “A Linha Negra”.
P - O “Tempo Não Para” seria exibida apenas no ano que vem, mas “furou” a fila do horário das 19 h. O que aconteceu?
R - Existe uma série de detalhes entre a criação da sinopse e a produção efetiva do folhetim. Eu estava tranquilo, dentro do cronograma previsto, quando a Globo verificou que a novela que substituiria “Deus Salve o Rei” iria ter um núcleo de temática política. A história ficaria prejudicada por conta das eleições deste ano e a emissora acabou por adiar essa trama. Ao analisar todos os textos candidatos à faixa, o meu era o que estava mais bem desenvolvido, com personagens, tramas e alguns atores já definidos. Então, me avisaram que a obra entraria em produção o mais rápido possível.
P - Qual foi sua primeira atitude ao receber essa notícia?
R - Fiquei bem tenso. Normalmente, teria mais uns seis meses para trabalhar no texto e tive de correr para fazer tudo em tempo recorde. Formei meu time de colaboradores e tive umas duas semanas para começar a entregar os primeiros capítulos. Foi preciso dar uma reformatada no esquema de fases da novela e ficou decidido que apenas o primeiro capítulo seria de época. A partir disso, começaram os encontros com a direção e, em seguida, com atores.
P - De onde veio a ideia de utilizar um contexto de época em uma trama contemporânea?
R - Essa história já está na minha cabeça há alguns anos. Acredito que as referências vão surgindo ao longo da vida e “O Tempo Não Para” é um reflexo das muitas vezes que li “O Dorminhoco”, do H. G. Wells, que teve uma divertida adaptação cinematográfica feita pelo Woody Allen, em 1973. Minha proposta é um pouco mais profunda ao despertar em pleno Século XXI uma família que sofreu um acidente e acabou congelada no final do Século XIX. A ideia é mostrar o choque dessa família diante do “novo”.
P - Como assim?
R - A premissa principal é o deslocamento desses personagens no tempo e a necessidade deles se adaptarem aos dias de hoje. Eles vieram de um mundo onde não existia penicilina, televisão e a fotografia estava no início. Todos vão enfrentar um mundo novo onde tudo é diferente. O principal choque, no entanto, não vai ser o das questões tecnológicas. Eles terão de reaprender a sentir como uma pessoa moderna, contemporânea. A questão da ética e o inconformismo dos personagens congelados em relação às injustiças de hoje em dia terão destaque na novela.
P - Tramas que flertaram com temas ligados a avanços tecnológicos, como “Tempos Modernos” e “Geração Brasil”, não conseguiram conquistar o público. Esse risco é calculado em “O Tempo Não Para”?
R - É claro que isso é levado em consideração. Mas a gente não pode deixar de apostar em histórias só porque elas não obtiveram êxito no passado. Existem muitas maneiras de se desenvolver o folhetim. Não considero “O Tempo Não Para” uma novela sobre tecnologia, mas uma clássica comédia romântica protagonizada por Marocas (Juliana Paiva), uma mocinha do Século XIX, e Samuca (Nicolas Prattes), um jovem empresário que vive a dualidade de ser um grande empresário da área tecnológica e ao mesmo tempo ser um humanista nato. A novela é, acima de tudo, uma crônica de comportamento.

“O Tempo Não Para” - Globo - de segunda a sábado, às 19h20.

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