POR CAROLINE BORGES
TV PRESS
Welder Rodrigues sabe que a vida está em constante mudança e movimento. A comprovação disso é sua estreia nas novelas aos 52 anos. No elenco de “Mar do Sertão”, o ator, que é conhecido por integrar o grupo de teatro Melhores do Mundo, tinha uma certa resistência ao formato de maior sucesso da tevê brasileira. “Eu achava que não tinha capacidade técnica para fazer novela, mas o Alan (Fiterman, diretor) foi um verdadeiro sedutor e eu estou aqui. Estou bem feliz com esse trabalho”, valoriza o ator, que vive o prefeito corrupto Sabá Bodó na trama de Mario Teixeira.
As novelas até poderiam estar distantes dos planos de Welder, ele, porém, encontrou outros caminhos para obter sucesso na televisão. No vídeo desde 2006, ele ganhou repercussão nacional ao viver o ciumento marido Jajá no extinto “Zorra Total” e também o integrou o elenco do humorístico “Tá no Ar: a TV na TV”, em que caiu nas graças do público ao estrelar o esquete “Jardim Urgente”. “O ‘Jardim Urgente’ era para ter sido uma vez só. Não era um quadro fixo. Adorei o personagem. O exagero da imprensa dentro do universo das crianças era incrível. Era muito engraçado”, relembra.
P – A trama de “Mar do Sertão” marca sua estreia nas novelas aos 52 anos. Apesar da sua presença constante na tevê nos últimos anos, foi uma opção sua se manter distante dos folhetins até este momento?
R – Eu sempre falei que jamais faria novela (risos). Nunca foi algo que esteve nos meus planos ou pretensões. Sempre falei que não tinha capacidade técnica para fazer uma novela. É algo muito puxado e difícil. Mas estou me divertindo demais agora. Estou bem feliz de estar nesse projeto atualmente.
P – Mas o que o fez mudar de ideia?
R – Sem dúvidas, o Alan (Fiterman, diretor). O Alan é um grande sedutor (risos). Me seduziu e agora estou aqui (risos). Ele fez um convite irrecusável. Estou me divertindo muito. Estou em um núcleo muito legal. Temos um entrosamento muito bom em cena. É um elenco de primeira.
P – Na história, Sabá Bodó é um político corrupto. Em ano eleitoral, como foi seu processo de composição e inspirações para o personagem?
R – Sou de Brasília, né? A gente que é de Brasília convive e respira política demais. Então, pode acreditar que me inspirei em muitos políticos. Foram tantos e tantos. Toda vez que estou em cena, acabo lembrando de alguém. Porém, eu prefiro não falar nomes para não ser processado. Não quero que a Globo tenha esse trabalho comigo (risos). Eu acho que temos um Brasil muito folclórico politicamente. O Sabá Bodó vai por esse caminho.
P – Como assim?
R– Se pararmos para pensar, até os piores políticos têm alguma coisa meio tragicômica. Não vou citar ninguém porque estamos em período eleitoral. Vamos evitar delongas. O nosso folclore político é muito engraçado. Já perceberam as coisas mais engraçadas que já aconteceram nesse país? Recentemente, eu vi uma comissão de deputados que quer ir para a Copa do Mundo para analisar os treinos da Seleção Brasileira. Isso é tragicômico. Não faz o menor sentido 20 deputados viajarem para analisar os treinos da seleção. A gente sabe que eles querem é viajar para o Catar.
P – Sendo natural de Brasília, como você trabalhou a questão da prosódia do personagem?
R – Está sendo muito bom trabalhar com um elenco majoritariamente nordestino. Eu nunca fiz sotaque, né? Então, eu dei carta branca para todos os meus colegas me corrigirem em cena quando eu estiver falando o tom errado ou a musicalidade errada do sotaque. É demais fazer uma novela sobre o Nordeste com um elenco de maioria nordestina.
“Mar do Sertão” – de segunda a sábado, às 18h30.