POR GERALDO BESSA
TV PRESS
Dan Stulbach ama fazer novelas. Porém, por conta da agenda sempre atribulada, faltava tempo para acompanhar as tramas. Na pandemia, entretanto, o ator acabou por fazer dos folhetins um hábito, que se manteve mesmo com a volta do mercado audiovisual à normalidade. Entre as tramas que mais chamaram atenção do ator está a segunda versão de “Pantanal”. Além das boas memórias da produção original, Dan ficou encantado com a atualização feita pelo autor Bruno Luperi. Por isso, foi com surpresa e empolgação que ele recebeu o convite para uma participação especial na trama na pele do estrategista político Ibraim. “A força dessa história é impressionante. Me impactou muito no passado e agora. É o tipo de projeto que dá vontade de participar. Acho que pensei tanto nisso que acabou acontecendo. Ibraim é um papel que instiga qualquer ator”, analisa.
Paulistano e torcedor do Corinthians, a ligação de Dan com a atuação começou nas peças amadoras do Colégio Rio Branco, tradicional escola da capital onde estudou boa parte de sua vida. Apaixonado pelos palcos, estreou profissionalmente aos 20 anos, mas demorou a entrar na televisão. “Não me sentia acolhido, os convites não eram tão interessantes. Então, eu ficava apenas no teatro mesmo”, justifica. Depois de pequenas participações em séries e novelas, o ator ficou conhecido nacionalmente em 2003, ao dar vida ao violento Marcos de “Mulheres Apaixonadas”. A partir daí, desenvolveu uma íntima e criteriosa relação com a tevê, onde acumula papéis de destaque em novelas como “Senhora do Destino” e “Fina Estampa”, e séries como “Queridos Amigos”, “Som & Fúria” e o recente sucesso da Globo “Filhas de Eva”. “A maturidade me trouxe outra perspectiva sobre a atuação. Dizer ‘não’ para um convite define mais minha carreira do que os trabalhos que aceitei fazer. Ter a rédea sobre o que quero e me estimula é importante”, acredita.
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P - Como você recebeu o convite para participar de “Pantanal”?
R - Fiquei feliz, emocionado de verdade. Primeiro porque a novela é um grande sucesso, tem tido esse alcance formidável. E pelo o que ela diz também, pela maneira como ela é escrita, muito humana, verdadeira e bonita. Pelo personagem, que traz questionamentos e tem desafios. Estava acompanhando a trama e, de repente, fui chamado para essa participação especial.
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P - Você tem alguma lembrança ou procurou cenas da primeira versão do folhetim?
R - Com certeza. Foi muito marcante para mim. Lembro de diversas cenas, dos atores e do impacto da mensagem dramática e ecológica que a história causou. Acho tão irônico que décadas depois eu esteja trabalhando nela. E o mais engraçado é que não lembro muito do Ibraim.
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P - Isso é bom ou ruim?
R - Achei ótimo. Mas como sou curioso, corri atrás de algumas cenas. O trabalho do Rubens Corrêa foi incrível e logo fui lembrando do núcleo dele. Para não ser muito influenciado, parei de pesquisar e decidi ir pelo texto do Bruno (Luperi). A essência do contexto político continua a mesma, mas acho que a ganância e prepotência do personagem foi atualizada.
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P - Quem é o Ibraim de 2022?
R - É um sujeito inteligente, capaz, autocentrado, egoísta, que vê o mundo e as pessoas através das lentes da política, que é sua profissão, que ele escolheu não para mudar o mundo, mas para satisfazer seu ego, melhorar seu capital, suas relações. É muito vaidoso, insensível ao outro, muito sensível às suas carências. Um homem que sabe articular, charmoso e sabe cativar.
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P - É um papel muito pontual em um ano eleitoral. Você votaria no Ibraim?
R - (risos). Uma das coisas mais interessantes de fazer um personagem assim é deixar as críticas de lado. Fazer com que ele não tenha culpa de seus defeitos, que ele chegue inteiro, forte, cativante, ambíguo para quem ver. Porque aí sim o público vai ter seu juízo sobre o que ele faz. Não importa se eu votaria nele ou não, mas as questões que esse personagem pode provocar. Ter a coragem de mostrá-lo como ele é.
“Pantanal” - de segunda a sábado, às 21h.