POR GERALDO BESSA
TV PRESS
Luciana Vendramini percorreu um longo caminho até se sentir bem consigo mesma. Ao longo dos últimos anos, diagnosticada com Transtorno Obsessivo Compulsivo e sofrendo com as dores de duas hérnias de disco, a atriz se afastou da atuação e chegou a duvidar se um dia voltaria aos palcos e estúdios. Com os problemas devidamente tratados, Vendramini encontra no texto da insegura Solange, de “Espelho da Vida”, um motivo a mais para sorrir. “Estou fazendo comédia pela primeira vez na tevê e minha personagem vive um momento de incertezas, está em crise pelo simples fato de não ser mais uma garotinha. Li o roteiro e sabia que poderia contar essa história com propriedade. Já vivi isso na pele e superei”, diverte-se.
Símbolo sexual dos anos 1980, Vendramini ficou famosa ao perder o concurso para ser Paquita do “Xou da Xuxa”. Antes mesmo de se tornar maior de idade, tornou-se uma das primeiras garotas do “Fantástico” e fez um polêmico ensaio para a extinta revista “Playboy”. O sucesso de sua carreira como modelo acabou a levando para a tevê, onde estreou em “Vamp”, de 1991. Focada em sua carreira teatral, fez pequenas participações em tramas Globais e no SBT, onde, novamente, chamou a atenção do grande público com a tórrida cena de beijo que dividiu com Giselle Tigre em “Amor e Revolução”, trama de 2011. “É uma cena que dá o que falar até hoje”, ressalta. Nos últimos anos, vem retomando o contato com os estúdios ao participar de séries como “Na Mira do Crime”, da Record, e “Samantha!”, Da Netflix. “Tive de retomar a carreira aos poucos. Agora não quero mais parar”, avisa a atriz de 48 anos.
P - Durante a preparação para “Espelho da Vida” você revelou um certo medo com a temática espírita. Conseguiu superar esses receios ao longo da trama?
R - Logo que li os primeiros capítulos, lembrei da minha infância, de quando me contavam histórias de fantasmas e espíritos obsessores e eu não conseguia dormir. Hoje eu acho graça disso tudo, mas era bem pavoroso. Durante as gravações comecei a lidar melhor com o tema sim. E acho que não apenas superei, como meus questionamentos foram além.
P - Em que sentido?
R - De pensar um pouco mais sobre a questão de vidas passadas. Por muito tempo, sempre achei que o espiritismo era uma bela desculpa para lidar com a ausência de pessoas queridas. Hoje em dia, tendo a ser menos cética e torço para que exista uma continuidade. É reconfortante a ideia de vida após a morte, de reencarnação, de ter uma segunda chance de fazer as coisas. A novela me abriu a mente para essas possibilidades.
P - “Espelho da Vida” é a primeira novela que você participa na íntegra em quase uma década. Você prefere trabalhar em produções mais curtas?
R - Tive alguns problemas pessoais e de saúde que me afastaram um pouco da televisão. Novela exige uma entrega absoluta e só agora me senti preparada e confiante para encarar uma produção de longa duração. Enxergo essa personagem como um recomeço da minha relação com a televisão e foi um convite muito lindo, que remete ao início da minha carreira.
P - É uma viagem até os bastidores de “Vamp” (1991)?
R - Exatamente. Foi onde conheci o Pedro (Vasconcelos). A gente tinha uns 20 anos e ficou uma linda amizade depois da novela. Mesmo de longe, a gente torcia um pelo outro. “Espelho da Vida” é a primeira trama dele como diretor artístico e fiquei muito lisonjeada por ele ter lembrado de mim e ligado para fazer o convite.
P - Na reta final da trama, qual o balanço que você faz de sua participação?
R - Eu amei. A Solange é uma personagem divertida e sem noção. Fiz poucos tipos cômicos na tevê. Então, ela representa um exercício e tanto. Fora que pude contracenar com o Evandro Mesquita e a Vera Fisher, dois amigos de longa data de quem eu sou muito fã. Foi um trabalho sem atrito nos bastidores e isso já é um feito e tanto (risos).
“Espelho da Vida” - Globo - de segunda a sábado, às 18h20.