POR LUANA BORGES
TV PRESS
Carmo Dalla Vecchia sabe bem que a realidade pode ser mais surpreendente que a ficção. Pelo menos, as últimas semanas de “Malhação – Vidas Brasileiras” o fizeram lembrar de situações constrangedoras que passou, bem parecidas com o que acontece com Rafael, seu personagem na novela. Desde que Solange, de Fernanda Paes Leme, chegou, o professor não tem tido paz. Isso porque a supervisora “cismou” com ele e faz de tudo para seduzi-lo e colocá-lo em situações nada confortáveis. Acostumado a fazer sucesso entre as mulheres por conta dos vários galãs que interpreta na televisão, Carmo já precisou se livrar de muita “saia justa” com fãs. Certa vez, uma mulher se hospedou no mesmo hotel em que o ator estava em Jerusalém e disse que tinha um presente para ele e insistiu que ele fosse pegar no quarto dela. Sem graça, Carmo foi até a porta do quarto da moça, mas não entrou: esperou pelo presente sentado do lado de fora. “Ela me deu a lembrança e fui embora. No outro dia, na mesa do café da manhã, ela estava chorando, achando que eu a tinha tratado mal, pelo fato, talvez, de eu não ter realizado as expectativas que eram dela”, recorda.
Aos 48 anos, Carmo é usuário de redes sociais como Instagram. E frequentemente publica fotos artísticas ou momentos de descontração nos bastidores de “Malhação”. É possível notar, inclusive, que ele se refere aos atores jovens como filhos, o que entrega o clima de amizade entre o elenco. Mas, às vezes, a exposição promovida por essas redes sociais pode ser delicada. Certa vez, Carmo notou que uma mulher o estava “perseguindo” no teatro e no Instagram. A ponto de criar problemas para outras pessoas que ele conhecia. “Se eu postasse foto com alguma mulher no Instagram, ela publicava ofensas contra a pessoa. Era horrível. Ela chegou a perseguir até a Amora Mautner no Instagram, ofendendo-a, só porque eu havia postado uma foto abraçado a ela!”, conta, citando a diretora da Globo
P – Que outras situações inusitadas você passou por causa de fã?
R – Teve um outro caso sensacional. De uma mulher que dizia que meu nome não era Carmo, era Rian, e que eu era pai do filho dela. Essa foi a mais louca de todas porque a mulher inventou uma história imensa. Disse que havia me conhecido em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em uma festa de Carnaval, ela estava vestida de Lobo Mau e eu, de Chapeuzinho Vermelho. Ela dizia que nós havíamos tido um caso tórrido de amor, mas ela não quis mais se relacionar comigo porque descobriu que eu era envolvido com drogas, que eu tomava chá de trombeta! (risos).
P – Rian, inclusive, era o nome de seu personagem em “Chiquititas”, exibida pelo SBT em 2000. Assim como em “Malhação”, você também convivia diariamente com um elenco jovem. Que lembranças guarda daquela experiência?
R – A gente era uma família na Argentina. Fizemos a novela lá por um ano e hoje temos uma história juntos. Eu olho para esse pessoal de “Malhação” e penso em como será daqui a 10 anos. Será que eles vão se encontrar ainda? Será que eles vão se falar? Será que eles vão sentar na mesma mesa e perceber que o tempo passou por eles? Será que eles vão continuar na mesma profissão? Por isso que eu acho que é bom a gente focar no presente. Das crianças de “Chiquititas”, poucas continuaram trabalhando na área. A única que continua é a Fernanda Souza, mas ela não era do meu elenco. Quando eu entrei, ele já não estava mais. Kayky Brito e Stephany Britto eram do meu elenco. Com a Carla Dias e Bruno Gagliasso, eu me relaciono até hoje. Com a Débora Falabella também.
P – “Cordel Encantado” está sendo exibida no “Vale A Pena Ver de Novo”. Você costuma assistir?
R – Não tenho tempo de ver. Eu só lembro do figurino e de como a gente sofria (risos). As pessoas falavam: “Nossa, que novela linda!”. E eu estava de camiseta, camisa, blazer, capa com pele, fazendo 40 graus no Rio de Janeiro. Disso, eu lembro muito bem. As pessoas falando da beleza da novela e confesso que dava até uma certa raiva porque a gente sabia o preço que a gente pagava.
P – Como assim?
R – A gente sofria para fazer a novela. Uma vez, gravei com Domingos Montagner em uma pedreira pertinho do Projac, que era geralmente onde gravávamos, e estava um sol de 40 graus e eu com toda essa roupa e mais uma capa com pele no pescoço. Quando eu saía do ônibus-camarim, em 5 minutos, a roupa de baixo estava ensopada. Só que eu tinha de continuar com aquela roupa de baixo ensopada por mais 7 horas. Era uma loucura, mas foi uma novela muito linda e é interessante quando você vê um trabalho seu com distanciamento. Quando você vê com um certo distanciamento, você consegue ver o resultado como um telespectador normal. Eu ficava preocupado em como fazer a postura do rei, como dar essa autoridade e nobreza para o personagem. Hoje, vejo esse trabalho e tenho muito orgulho. Foi um acerto para todo mundo, para as autoras principalmente, para Amora Mautner que dirigiu, e para o elenco, que era improvável e que fez um trabalho maravilhoso.
P – Em algumas oportunidades na tevê, você mostrou que se interessa por cozinha, como quando participou do “Estrelas” ensinando a fazer um suco verde e uma panqueca proteica. Quais foram as suas últimas aventuras gastronômicas?
R – Ultimamente, tenho feito um ovo frito muitos gostoso porque descobri que a gente pode comer banha de porco. Então, ovo frito na banha de porco é maravilhoso! Antes, condenavam a banha de porco, dizendo que fazia mal. Agora descobriram que isso faz muito bem para o coração, além de ser muito gostoso. E tem uma banha de porco mineira que já vem com pedaço de toucinho dentro que você pode usar para temperar o feijão. Essa, se você usar para fazer o ovo frito, também fica uma delícia.
“Malhação – Vidas Brasileiras” – Globo – De segunda a sexta, às 17h45.