Jornal Mato Grosso do Norte
por Anna Bittencourt
TV Press
A tevê estava fora dos planos de Maria Paula. Longe das câmeras desde 2014, quando apresentou o curto "Saúde por Aí", do GNT, a ex-"Casseta" garante que estava focando sua atenção para o mestrado em Psicologia na Universidade de Brasília. No entanto, o convite para participar de "A Liga", da Band, mexeu com ela. Morando na capital federal, a apresentadora agora concilia os estudos com o jornalístico, gravado entre o Rio de Janeiro e São Paulo. E foi o caráter inusitado do programa que fez com que topasse a empreitada. "Trabalho há muitos anos em penitenciárias femininas, brigando pelo direito daquelas mulheres. Achei que o convite tinha uma ligação com isso e me senti na obrigação de aceitar", justifica ela, que é embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, que propõe uma série de medidas para melhorar a qualidade de vida de gestantes e seus bebês em prisões pelo Brasil.
Ao lado de Thaíde, Mariana Weickert e Guga Noblat, Maria Paula vivencia as pautas apresentadas pelo programa. "É um jornalismo completamente diferente. E mostramos que é possível fazer reportagens ousadas, que é possível se expor e sair da zona de conforto do modelo tradicional", exalta. Quebrar paradigmas e se lançar à frente de projetos inovadores não é fato incomum na carreira dela. "Cria" da MTV, Maria Paula relembra que a "Music Television" também mudou sua forma de apresentar e consumir tevê. "As pessoas não acreditavam no que a gente fazia, na linguagem que a gente propunha. E hoje em dia esses elementos estão por aí e não são mais novidade", compara. A mesma coisa aconteceu com o "Casseta & Planeta, Urgente!", humorístico global que coapresentou por 17 anos. "Se hoje existem tantos tipos de humor, foi porque abrimos as portas lá atrás. É assim que eu me sinto nesse projeto: abrindo novos caminhos para quem vem lá na frente", acredita.
Mesmo com a evidente empolgação, participar de "A Liga" não foi uma tarefa fácil para Maria Paula. O principal motivo era se desvencilhar de uma imagem mais voltada para o humor e conseguir passar credibilidade nas pautas. "O humor está no meu DNA, não dá para tirar. O que o programa faz é me trazer para o mundo real. Sem anestesia", brinca a apresentadora, que conta que a flexibilidade dos roteiros facilitam seu trabalho. "É muito 'freestyle'. É pegar o microfone e ir embora", revela. A segunda grande barreira encontrada foi conseguir enxergar a vida além da sua própria zona de conforto. "Morei anos em São Conrado e nunca visitei a Rocinha", diz ela, citando o bairro e a favela da Zona Sul carioca. Por isso, Maria Paula quase desistiu quando foi gravar o primeiro programa. "Cheguei de cara em um cemitério clandestino. O cheiro era muito forte, comecei a passar mal. Foi um baque muito grande. Liguei chorando para o diretor", relembra, com bom humor.
Apesar das dificuldades encontradas para gravar "A Liga", Maria Paula vê com bons olhos essa nova guinada em sua carreira. Para ela, a experiência no jornalístico é um recomeço e uma chance de mostrar ao público um outro lado seu. "A essa altura da minha carreira, com 45 anos de idade, é muito bom viver coisas diferentes das que já fiz. É bom que fique claro que não estou abandonando o humor, estou acrescentando elementos no meu repertório", jura.
Outros lados
De volta à tevê aberta após quatro anos – seu último trabalho foi em "Malhação" –, Maria Paula se prepara para lançar novos projetos, além de "A Liga". No segundo semestre, o filme "Doidas e Santas" estreia nos cinemas. Além disso, vai participar de um especial sobre o "Casseta & Planeta" no canal pago Multishow, ainda sem data de estreia ou nome confirmados. "Vamos fazer uma série em que cada episódio vai contar o que aconteceu na vida de cada um de nós depois do fim do programa. É uma ficção, claro, mas cheia de humor", antecipa. Envolvida em vários projetos simultâneos, ela se preocupou em assinar um contrato com a Band que permitisse sua participação em outros meios. "Tenho exclusividade só na tevê aberta. Eu acho importante essa coisa de estar em vários lugares, acho que um programa chama a audiência para o outro", opina.
Instantâneas
# A estreia de Maria Paula na Globo foi em "Radical Chic", um "game" baseado nos quadrinhos de Miguel Paiva, exibido em 1993.
# Em 2011, ela escreveu o livro de crônicas "Liberdade Crônica".
# Apesar de engajada em projetos com o Ministério da Saúde e o Ministério do Trabalho, Maria Paula descarta uma carreira política. "Tô muito fora", ri.
# Maria Paula vai gravar, ainda este ano, "De Pernas pro Ar 3", longa protagonizado por Ingrid Guimarães.