Sexta-feira, 26 de Julho de 2024

Caderno B Quinta-feira, 17 de Maio de 2018, 00:00 - A | A

17 de Maio de 2018, 00h:00 - A | A

Caderno B /

Problemas familiares

Carta Z



POR CAROLINE BORGES
TV PRESS

A vilania, a ética e a moral foram importantes pontos de partida para João Emanuel Carneiro em trabalhos anteriores. Agora, à frente de “Segundo Sol”, próxima novela das nove, que estreia nesta segunda, dia 14, o autor se afasta do ambiente soturno de seus últimos projetos, como “Avenida Brasil” e “A Regra do Jogo”, para se basear nas tortas relações familiares. O novo folhetim irá focar na saga de Luzia, papel de Giovanna Antonelli que, após se apaixonar por Beto Falcão, de Emílio Dantas, vê sua vida mudar drasticamente por causa de armações. “A trama é calcada nas relações pessoais e familiares, no valor da família. O segundo sol significa a nova chance que ela vai ter para recompor sua vida. Todos nós podemos ter a oportunidade de um novo começo e somos os protagonistas dessa mudança”, defende.
Natural do Rio de Janeiro, João Emanuel é um dos principais roteiristas da nova geração da Globo. Antes de ganhar repercussão na emissora e o posto de autor titular dos folhetins, ele colaborou na equipe de projetos, como “A Muralha”, “Os Maias”, “Desejos de Mulher” e “Brava Gente”. O primeiro voo solo aconteceu em 2004 com a praiana “Da Cor do Pecado”. Assinou ainda “Cobras & Lagartos” até estrear no horário mais disputado com “A Favorita”. Porém, foi o fenômeno de “Avenida Brasil” que selou o sucesso da trajetória de João Emanuel na Globo. Sua carreira como roteirista de cinema também é reconhecida, tendo participado de longas como o premiadíssimo “Central do Brasil”, além de “Orfeu” e “A Partilha”. João agora se aventura em escrever seu primeiro romance, mas o projeto é tocado sem grande pressa ou ansiedade. “Faço uma página por dia, de vez em quando. Uma hora sai”, brinca.
P – Em “Segundo Sol”, você foge do eixo Rio-São Paulo. Por que decidiu ambientar a novela na Bahia?
R – Sempre fui para a Bahia e sempre gostei muito de lá. Era um desejo antigo ambientar um enredo em Salvador, que tanto me inspira. Como essa sinopse tinha um músico como protagonista, fiz com que ele fosse cantor de axé para poder contextualizar a história lá. Além disso, é uma cidade muito importante do Brasil. Nosso país tem poucas cidades com uma identidade visual tão forte como Salvador.
P – Como foi sua pesquisa para ambientar a novela em Salvador, abordando o universo do axé?
R – O axé é uma coisa dos anos 1990, o auge. Precisava de uma passagem de tempo que começasse nos anos 90 e chegasse até agora. Li muito sobre axé, já gostava no Carnaval e, na adolescência, dançava axé (risos).
P –Como essa questão da ética será trabalhada em “Segundo Sol”?
R – Isso é um ponto forte dos meus projetos. Em “Cobras & Lagartos”, o Foguinho (Lázaro Ramos) se fazia passar pelo dono da loja em que trabalhava, por exemplo. Nessa novela, a mentira da família Falcão é uma falha de caráter, mas vivida dentro de uma situação extrema. Beto vai o tempo todo se chocar internamente com a situação de precisar se esconder. Isso é um problema e um dilema ético fortíssimo na vida dele. Acho que a ambivalência é uma característica da complexidade do ser humano.
P – Em “Segundo Sol”, você retoma a sua parceria com Adriana Esteves, que viveu a vilã Carminha em “Avenida Brasil” e, agora, interpreta a ambiciosa Laureta. Como você buscou marcar as diferenças entre as personagens?
R – A Carminha é um personagem ícone e tem mesmo o autor e a mesma intérprete. A Carminha era essencialmente dissimulada, uma pessoa louca e quase psicopata, mas posava de boa mãe para todos ao redor. O que marca a Laureta é ser uma pessoa amoral e que gosta de afrontar. É o desaforo dela que marca essa liberdade. Por exemplo, ela tem uma conduta sexual que é só da cabeça dela, não dá satisfação a ninguém. Ou seja, uma pessoa bem original. A Carminha tinha de dar explicações o tempo todo e para todo mundo.
P – “Segundo Sol” é sua quarta novela no horário das nove. Após “Avenida Brasil”, como você lida com a pressão sobre seu trabalho?
R – Eu tenho de esquecer essa expectativa sobre mim. Isso é um pouco opressor na verdade. Não entro em rede social, não sou de internet. Diferentemente de “Avenida Brasil”, essa novela é muito singela, emotiva e de fácil compreensão. Tento montar um canal direto com a emoção do público. Tem muita leveza em relação aos outros projetos.

"Segundo Sol" – Globo – Estreia dia 14 de maio às 21h15.

Comente esta notícia

Rua Ivandelina Rosa Nazário (H-6), 97 - Setor Industrial - Centro - Alta Floresta - 78.580-000 - MT

(66) 3521-6406

[email protected]