por Geraldo Bessa TV Press
Mauro Wilson estava trabalhando na sinopse de sua segunda novela como autor titular quando a Globo propôs o inusitado convite de assinar, ao lado de Walcyr Carrasco, a trama de “Êta Mundo Melhor!”. Fã do estilo popular de Carrasco, Wilson topou a empreitada sem pestanejar.
“Ficar perto do Walcyr e entender como ele constrói uma novela foi uma experiência incrível. A gente se deu muito bem desde o primeiro dia de trabalho, trocando ideias e impressões sobre qual rumo seguir. Foi tudo fluindo de forma muito natural”, conta o novelista, que assumiu o texto da atual novela das seis no capítulo 30.
Natural do Rio de Janeiro, a trajetória de Wilson na tevê é marcada pela versatilidade. Nos anos 1990, foi roteirista de produções infantis como “TV ColOsso” e “Caça-Talentos”. Na década seguinte, colaborou em folhetins como “O Beijo do Vampiro” e “Pé na Jaca”. Mais recentemente, enveredou por produções de gênero, como a noir “Cidade Proibida” e o thriller “Ilha de Ferro”.
Foi só em 2021 que ele estreou como novelista titular em “Quando Mais Vida, Melhor!”, produção que marcou a retomada de tramas inéditas na grade da Globo após a paralisação provocada pela pandemia.
“Sempre fui um autor mais ligado a projetos de menor duração. Meu interesse em novelas surgiu aos poucos. No início, me sentia um corredor de 100 metros rasos escalado para correr uma maratona. Hoje estou mais seguro na condução de um folhetim”, avalia.
P – Walcyr Carrasco assinou os primeiros 30 capítulos de “Êta Mundo Melhor!” e agora a novela está em suas mãos. Como foi esse processo de criação?
R – Tudo foi tomando forma naturalmente. Durante alguns meses, trabalhamos todas as tardes juntos, fazendo capítulos, pensando na novela. Eu ficava sempre muito atento ao jeito do Walcyr idealizar e resolver as situações das tramas. Ele é um autor muito criativo e comprometido. Foi uma aula para mim.
P – Como surgiu o convite para integrar o projeto?
R – A direção da Globo me chamou para uma reunião. Falou da ideia de revisitar o universo de “Êta Mundo Bom!”, mas que o Walcyr só participaria da parte inicial da produção, já que estava comprometido com a criação de uma novela das nove. Adorei o convite, primeiro pelo fato de poder ter essa experiência ao lado de um profissional que admiro e depois porque acho a novela original muito boa.
P – O que o universo de Candinho (Sérgio Guizé) tem de tão especial para você?
R – É um personagem iluminado, que vem fazendo sucesso ao longo de gerações, seja no livro do Voltaire (“Cândido, ou O Otimismo”), no cinema do Mazzaropi ou nas novelas. Ele é tipo o amigo que todos nós gostaríamos de ter na vida. Um personagem extremamente positivo que, mesmo sofrendo tudo o que ele sofre, não perde a esperança e a vontade de seguir em frente.
Ele é tipo o amigo que todos nós gostaríamos de ter na vida
P – O quanto você tem de autonomia para seguir com a história?
R – Tenho liberdade total para guiar os personagens. Embora seja vista como uma continuação, “Êta Mundo Melhor!” é uma outra novela, um trabalho novo cuja base nasceu a partir dessas tardes de trabalho ao lado do Walcyr. Então, é claro que existe um respeito em torno da sinopse, busco seguir o estilo dele de fazer novela. Mas também coloco minhas inspirações e referências.
P – Você tem mais proximidade com algum núcleo ou personagem de “Êta Mundo Melhor!”?
R – A novela tem um mosaico muito interessante. Gosto muito do resultado de dois cenários que não existiam na novela anterior, que é o da rádio e o do orfanato. Antes, a rádio era só citada e agora é um núcleo presente e importante para a carreira da Dita (Jeniffer Nascimento). Já o abrigo das crianças é uma festa e é muito legal como elas funcionam bem todas juntas.
“Êta Mundo Melhor!” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.
