Jornal Mato Grosso do Norte
Reportagem Mato Grosso do Norte
A Operação Seven, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na manhã de segunda, resultou em novos mandados de prisão preventiva contra o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e contra o ex-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf.A dupla, agora, responderá pela suposta participação em esquema fraudulento, envolvendo compra de terras que já pertenciam ao Estado para desviar R$ 7 milhões do erário.
Agentes do Gaeco prenderam o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) Afonso Dalberto e o ex-secretário adjunto de Administração José de Jesus Cordeiro.
As prisões preventivas de Silval e Nadaf foram decretadas pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda. A mesma magistrada, que atua na Operação Sodoma, considera as supostas ações da dupla como "contumazes" e de "alta periculosidade".
O esquema desmantelado pelo Gaeco, após cinco meses de investigação, envolve a aquisição de área de 727,9 hectares situada na região do Manso, pelo valor de R$ 7 milhões, para criação do Parque Estadual Águas da Cabeceira do Cuiabá, em 2014. Ocorre que o terreno, que pertencia a Filinto Corrêa da Costa, integrava o lote de 3.240 hectares que foi adquirido pelo Estado ainda, em 2002, pelo valor de R$ 1,8 milhão.
Segundo a investigação do Gaeco, Filinto solicitava à Sema a recompra de parte do imóvel rural adquirido pelo Estado, em 2012. Silval, por sua vez, assinou o decreto 2.595 de 2014, que facilitou a transação recategorizando a área do Parque Estadual para Estação Ecológica, o que dispensa a necessidade de realização de consulta pública.
Logo após isso, o processo tramita rapidamente por diversos setores (em apenas 13 dias). Nos documentos elaborados, não há justificativa para que a área recomprada fosse incorporada ao parque. Em 15 de setembro, foi pedido à Secretaria de Administração (SAD) que fizesse uma avaliação da área e em apenas quatro dias o secretário adjunto de Administração, José de Jesus Nunes Cordeiro, encaminhou o processo para avaliação da área.
O decreto foi ainda mais célere e foi assinado por Silval Barbosa dois dias após a avaliação, em 13 de novembro de 2014. Seis dias depois, Filinto concordou com a avaliação e indicou a instituição bancária em que desejava que o pagamento seja efetuado. Os autos foram remetidos na mesma data, por Pedro Nadaf, ao presidente do Intermat para providências.
O pagamento de R$ 7 milhões foi feito em duas parcelas de R$ 3.500.000,00, “aos quais foram liquidadas em 25 de novembro de 2014 e 11 de dezembro de 2014
“Esses elementos trazem a triste constatação de que o Estado de Mato Grosso foi mais uma vez saqueado. Silval é visto como o ‘chefe’ do esquema, enquanto que Pedro Nadaf seria o braço direito do ex-governador. O Ministério Público logrou, ainda, apontar com precisão para a existência de uma fortíssima organização criminosa, instalada no Governo do Estado de Mato Grosso, chefiada pelo então Governador Silval da Cunha Barbosa", relata as informações do Ministério Público.