por Geraldo Bessa
TV Press
Desde os anos 1980 que Reginaldo Faria mantém a impressionante marca de estar presente em ao menos uma produção televisiva por ano. O resultado de tanto trabalho ficou nítido durante a quarentena que paralisou os Estúdios Globo. No vídeo, Faria apareceu nas reprises de “Totalmente Demais”, “Pega-Pega” e “Império”. Recentemente, o ator se surpreendeu com a volta de um trabalho mais antigo, mas não menos importante: “O Clone”, novela de Glória Perez exibida originalmente em 2001 e atual sucesso do “Vale a Pena Ver de Novo”. “Estou adorando rever esses trabalhos. “O Clone” tem o diferencial de ser um pouco mais antiga, São 20 anos de êxito em muitos mercados. É uma novela que até hoje me enche de orgulho”, garante.
Natural de Nova Friburgo, Região Serrana do Rio de Janeiro, Faria já era um reconhecido ator de cinema quando passou a chamar a atenção dos autores e diretores de tevê. Ao longo dos anos, emprestou seus olhos claros e jeito de galã para personagens icônicos como o “bon vivant” Nelson de “Água Viva”, o progressista Ascânio de “Tieta”, o pilantra Marco Aurélio de “Vale Tudo” e o marujo Jonas de “Vamp”, entre outros. No momento, aos 84 anos, Faria aguarda sua entrada em “Um Lugar ao Sol”. Na pele do conquistador Aníbal, ele fará par romântico com D. Noca, papel de Marieta Severo. “Fiquei muito feliz de voltar ao trabalho. Era para eu interpretar outro papel, que participaria da novela toda. Mas a Globo ficou receosa com a minha idade e o risco de contrair o coronavírus. Acabou virando apenas uma participação especial, que me deixou muito contente por contracenar com a Marieta”, valoriza.
P - Você tem diversos personagens icônicos no currículo. Como o Leônidas de “O Clone” agregou à sua trajetória?
R - É engraçado. Eu sou muito caseiro e, durante a exibição original, não dava para sentir tanta a repercussão. É claro que eu sabia que a novela era um sucesso de audiência, mas só anos depois pude sentir o quanto o casal “Leãozinho” e Yvete (Vera Fischer) divertiu e encantou o público. Não só no Brasil, mas também nas exibições em outros países.
P - Na Rússia a novela é um sucesso até hoje. Você já teve vontade de ir até lá conferir esse carinho de perto?
R - Já pensei em ir várias vezes, mas nunca deu certo. Os colegas de elenco que já foram contaram que a recepção dos russos com os atores da trama é surreal. As redes sociais acabaram encurtando distâncias e recebo diversas mensagens de lá falando de “O Clone”, especialmente, das mulheres russas.
P - Inicialmente, Leônidas seria um personagem mais voltado para o drama e com postura de galã. Como você encarou o direcionamento dele para o humor?
R - Eu amei demais. Adoro fazer comédia na tevê, não fiz tantas e acabou que fiquei mais conhecido pelos heróis e vilões. Mas, sempre que era possível, adicionava uma pitada de humor aos personagens. Na época, Vera também vinha de tipos mais dramáticos. Então, o texto da Glória Perez fez do nosso encontro um momento extremamente divertido.
P - Foi a primeira vez que vocês contracenaram juntos. Qual sua principal lembrança dos bastidores?
R - Lembro muito do meu nervosismo, né? (risos). A Vera é um mito, marcou gerações da tevê, do cinema e do teatro. A gente nunca tinha trabalhado junto e não tinha noção se teríamos uma boa química como casal. Embora a gente se conhecesse dos corredores da Globo, não éramos próximos.
P - Foi difícil “quebrar o gelo”?
R - Até que não. Teve um momento, logo no início das gravações, que fez toda a diferença. Durante um ensaio, segurei a mão da Vera, fiquei espantado e disse: “Nossa! Que mãos grandes que você tem!”. Ela, sempre muito espirituosa, me respondeu: “Tudo me mim é grandioso!”. Rimos muito e me apoiei nessa frase. Dessa forma, fomos criando a empatia que o casal precisava.
“O Clone” - Globo - de segunda a sexta, às 17h