Domingo, 05 de Maio de 2024

Caderno B Sexta-feira, 12 de Abril de 2024, 09:05 - A | A

12 de Abril de 2024, 09h:05 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Emoção retomada

Sucesso em “Amor de Mãe”, Regina Casé revisita as dores e delícias da batalhadora Lurdes em “Dona Lurdes – O Filme”



por Geraldo Bessa TV Press          

       Regina Casé já mostrou talento, tanto como comunicadora quanto como atriz. E envolvida nestas duas atividades, acabou levando quase duas décadas para, enfim, voltar às novelas. Totalmente envolvida pela dramaticidade de Lurdes, uma matriarca em busca de um filho perdido, a atriz fez o país sorrir e chorar em proporções semelhantes nas cenas de “Amor de Mãe”, de 2019.

Com uma pandemia no meio, o folhetim assinado por Manuela Dias sofreu com a paralisação do setor audiovisual e, no retorno, a história acabou tendo que ser adaptada e resumida. Quando o desfecho da trama foi ao ar, em abril de 2021, Manuela e Regina sentiram que Lurdes tinha potencial para muito mais.

Três anos depois, a dupla e o público podem matar a saudade da personagem com a chegada de “Dona Lurdes - O Filme”, mais nova produção do núcleo de cinema do Globoplay.

Chegou uma hora em que apenas atuar não fazia mais tanto sentido para mim

Ter a chance de reencontrar a Lurdes foi uma maravilha. Acho que isso é o sonho de qualquer ator. Esse filme nasce da curiosidade do público e da vontade da Manuela e minha de retomar essa história”, valoriza.            

     Filha do diretor de tevê Geraldo Casé e neta do apresentador Ademar Casé, Regina nasceu no Rio de Janeiro, em 1954. Durante o desbunde dos anos 1970, fundou – ao lado de nomes como Hamilton Vaz Pereira, Patrícia Travassos, Evandro Mesquita e Luís Fernando Guimarães – o grupo de teatro Asdrúbal Trouxe O Trombone.

Entre uma peça e outra, participou de longas e atuou em novelas como “Guerra dos Sexos”, de 1983, e “Cambalacho”, de 1986.

Engraçado que até hoje as pessoas falam sobre esses trabalhos. Chegou uma hora em que apenas atuar não fazia mais tanto sentido para mim”, destaca. Até que no início dos anos 1990, iniciou sua carreira como apresentadora, onde passou a ter um frutífero diálogo com a cultura popular brasileira em produções como “Programa Legal”, de 1992, e “Brasil Legal”, de 1995. Mais recentemente, comandou o dominical “Esquenta!”, azeitada mistura de sotaques e expressões artísticas que foi ao ar por temporadas entre 2011 e 2017.

Meu objetivo como apresentadora sempre foi jogar luz sobre as pessoas que não tinham voz. Já experimentei diversos formatos, mas é sempre o capital humano que protagoniza tudo o que faço na tevê”, ressalta.

P – Mesmo com a trama de “Amor de Mãe” atropelada pela pandemia, a história de Dona Lurdes fez sucesso e agora chega aos cinemas e ao Globoplay. Foi uma surpresa retomar essa personagem?

R – Eu me apego fácil e, em uma novela, a gente convive um ano com aquele personagem. Por conta da pandemia, entre idas e vindas, o processo de “Amor de Mãe” durou dois anos. Quando esse trabalho acabou, não tive uma sensação de alívio, mas de saudade, de que ainda tinha muita história para contar. A Manuela (Dias, autora) ficou na mesma situação. Primeiro, escreveu um livro e, na sequência, um roteiro para cinema sobre a Lurdes. Essa continuação é um desejo antigo. Então, é difícil mensurar minha felicidade quando esse projeto começou a ganhar forma de fato.

P – O que a personagem apresenta de novidades em “Dona Lurdes – O Filme”?

R – A linguagem do cinema faz a Lurdes mostrar outras camadas. Na novela, ela era uma mãe em busca de um filho perdido. O telefilme abre o leque de possibilidades e nuances da Lurdes como mulher. Aparecem outros tipos de amor, que não tiveram espaço no folhetim, como o amor próprio e uma grande amizade na relação com a Zuleide, interpretada pela Arlete Salles. Depois de tudo o que aconteceu com a Thelma (Adriana Esteves) na novela, a Lurdes merecia uma amiga de verdade (risos). Aliás, Arlete foi um show à parte nos bastidores.

P – Em que sentido?

R – Foi um encontro muito bonito. Todas as cenas de emoção, eu realmente estou emocionada ao estar diante de uma atriz com tantos recursos e que me olhava de um jeito tão lindo, tão sentimental. A jovialidade dela é contagiante também. Estou com 70 anos, ela tem 15 anos a mais que eu e uma disposição de dar inveja. Durante as filmagens, ela já estava se preparando para viver as gêmeas de “Família é Tudo”. A mulher não para.

P – Os filhos de Lurdes também fazem uma participação no telefilme. Como foi esse reencontro?

R – São meus filhos e pronto (risos). A novela acabou, mas a gente continuou próximo. Foi lindo e a intimidade entre essa família ressurgiu em cena de forma muito fácil. Infelizmente, a participação do Juliano (Cazarré), que interpreta o Magno, teve de ser diminuída por conta dos compromissos dele com “Fuzuê”.

Ele teve uma importância gigante na construção da Lurdes. Minha primeira cena na novela foi com Juliano e eu estava nervosíssima por fazer um tipo tão denso, tão profundo. Ele pegou na minha mão e embarcou no drama junto comigo.

P – Depois da Lurdes, você sente vontade de revisitar outras personagens de sua trajetória?

R – Adoraria encontrar com a Tina Pepper de “Cambalacho” na rua, fazer um show, dar uma volta na feira. Também seria delicioso revisitar a Val do filme “Que Horas Ela Volta?”, saber o que ela anda aprontando.

Antes eu achava que esses reencontros seriam impossíveis, apenas um sonho. Mas agora, com esse núcleo de cinema dentro do Globoplay e dos Estúdios Globo, tudo pode acontecer.

Fica aí a ideia (risos).

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