POR GERALDO BESSA
TV PRESS
Isabel Teixeira tem memórias muito vívidas da primeira versão de “Pantanal”. Com 14 anos à época, a atriz ficou impactada com o viés ecológico da produção, marcada por cenas mais orgânicas e bucólicas, e com uma mensagem forte abordando a preservação da natureza e os conflitos agrários – pautas sempre presentes no texto de Benedito Ruy Barbosa. Uma personagem, entretanto, chamou sua atenção em especial: Maria Bruaca, então defendida por Ângela Leal. Sem virar onça ou cobra, a história realista da mulher que vive um casamento opressor e que de forma muito contundente passa a lutar pela própria liberdade e felicidade tocaram o coração de Isabel. Pouco mais de três décadas depois, ela se empolga por viver o papel no “remake” de Bruno Luperi. “O desenho dramático da Bruaca é muito forte. Casou muito jovem, se apaixonou, fez uma vida com o marido, uma pessoa de quem gostava de fato. Mas não percebia quão aprisionada estava. E aí acontecem as viradas da personagem, nas quais ela vai se conhecendo, enxergando melhor e percebendo que ela pode e merece mais do que sempre teve”, analisa.
Logo que recebeu o convite para a produção, Isabel tratou de fazer o “dever de casa” e rever cenas da primeira versão, com foco em Maria Bruaca. Tendo de enxugar as lágrimas algumas vezes durante a “maratona”, ela logo percebeu que, muito além de superação de dilemas e traumas, a trajetória de Maria Buraca era essencialmente um renascimento. “Ser uma mulher de 50 anos, sei bem sobre isso porque farei em breve, é um renascimento, uma redescoberta de tudo. Do sexo, do amor, da liberdade, da paixão, da alegria de viver, do aqui e do agora”, avalia a atriz de 48 anos. Esse desabrochar da personagem acabou por causar uma comoção nas redes sociais e conquistar o público, que fez Isabel, uma atriz essencialmente teatral, descobrir o poder de repercussão da tevê. “Me considero uma iniciante na tevê. Ver a personagem virando meme e caindo na boca do povo foi divertido demais. É lindo o carinho e a empatia das pessoas com a Bruaca”, ressalta.
Foto: Divulgação/TV Globo
Por muitos capítulos, as paixonites pelos peões da fazenda do ex-marido Tenório, papel de Murilo Benício, e a descoberta de que ele tinha outra família na cidade grande, criaram o contexto perfeito para Isabel experimentar o humor e o drama em proporções equilibradas durante a exibição da trama. Por conta desse movimento, a atriz acredita que a personagem pode inspirar outras mulheres a saírem de suas prisões particulares. “São sequências que fazem as pessoas visitarem suas dúvidas e falhas de percurso. Acho Bruaca muito corajosa, uma mulher que busca outros caminhos, enfrenta as próprias sombras e não tem receio de cair e levantar”, valoriza.
Filha do cantor e compositor Renato Teixeira, Isabel nasceu em São Paulo e cresceu muito próxima ao mundo das artes. O teatro foi naturalmente ganhando espaço em sua vida a ponto de não sobrar muito tempo para outros veículos. Formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, ela também atua como dramaturga e diretora, habilidades que a fizeram viajar o mundo com espetáculos como “Gaivota, Tema Para Um Conto Curto” e “H.Tel&Soul”. Em 2019, fez sua primeira personagem de maior destaque na tevê em “Amor de Mãe”, onde deu vida à médica Jane. “Foi quando realmente tive uma vivência de televisão e adorei. Quando a Jane começaria a revelar os podres da vilã, ela é assassinada. Fiquei com vontade de fazer uma novela inteira. Agora aconteceu e eu sou só felicidade”, entrega.
“Pantanal” – Globo – de segunda a sábado, às 21h.