Segunda-feira, 24 de Março de 2025

Caderno B Sexta-feira, 05 de Janeiro de 2024, 16:20 - A | A

05 de Janeiro de 2024, 16h:20 - A | A

Caderno B / VITRINE

Força de viver

Na pele do ativista Herbert Daniel de “Betinho: No Fio da Navalha”, Ed Moraes exalta os heróis anônimos do Brasil



por Geraldo Bessa TV Press            

     Ator experiente de teatro, há tempos que Ed Moraes buscava por uma aproximação maior com a televisão. Com o mercado audiovisual aquecido por conta dos serviços de streaming, ele passou a fazer mais testes e, dentre tantos roteiros para ler e se preparar, se encantou com o de “Betinho: No Fio da Navalha”, série que retrata a luta do sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, pela justiça social no Brasil, após seu exílio político de oito anos no exterior.

Em sua trajetória, o ativista enfrenta a ditadura militar, a hemofilia e a AIDS, mas escolhe a fome dos brasileiros como seu principal inimigo e cria a maior campanha de solidariedade da história do país.       

          Na trama, Ed interpreta o ativista, escritor e sociólogo Herbert Daniel, um dos grandes parceiros nas lutas sociais do protagonista. “Vejo meu personagem como um grande herói quase anônimo. Herbert Daniel foi uma figura de liderança e extrema importância na luta contra a ditadura militar. Além disso, também fundou o grupo Pela Vidda, que existe até hoje para auxiliar e acolher pessoas que vivem com HIV/Aids”, conta.                

Depois de passar por duas etapas de testes e já com o papel em mãos, Ed teve de fazer um mergulho duplo nas trajetórias de seu personagem e do protagonista. Ele confessa que contar histórias de pessoas que realmente deixaram um legado facilita a busca por inspirações e referências.

A série é sobre um Brasil que se comove com o outro, com a fome. Que sente empatia e luta por um país melhor”, resume.     

            Além de um processo minucioso de caracterização, o personagem exigiu uma detalhada pesquisa histórica para entender a conjuntura política, econômica e social do país entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Além de buscar vídeos e matérias de jornais antigos, o ator também quis conversar com pessoas que conheceram Herbert Daniel de fato.

Eu devorei tudo que achava sobre ele. Estudei profundamente o personagem desde os seus livros, vídeos e reportagens. Consegui conversar com integrantes da família e também fui recebido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, de quem Daniel foi amigo e companheiro de luta armada”, detalha.           

      Criada por José Junior, com redação final de Alex Medeiros e direção geral de André Felipe Binder, a pré-produção de “Betinho: No Fio da Navalha” foi iniciada em meados de 2022, com integração do elenco, leitura de texto e início do processo de caracterização. As gravações se espalharam por diversas locações nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, um passeio afetivo e histórico por lugares como a Igreja da Candelária e a sede da Ação da Cidadania, no Rio, e o Vale do Anhangabaú e a Praça da Sé, na capital paulista.         

        Para Ed, revisitar lugares importantes para os valores democráticos é uma forma do audiovisual destacar as conquistas políticas do passado, unindo entretenimento e consciência social. “É um projeto que muda a gente por dentro. Nos deixa ainda mais conscientes. Precisamos aprender sobre a nossa história, para que a gente evite cometer os mesmos erros. Somos hoje um país democrático que respeita os diversos e não podemos perder isso nunca mais”, analisa.        

         Natural de São Paulo, o interesse de Ed pela atuação surgiu aos 14 anos ao ver o anúncio de um curso de teatro num jornal. A profissionalização só veio mesmo aos 19 anos e, focado nos palcos, trabalhou em peças de dramaturgos contemporâneos como Jô Bilac e João F. Cabral. Na tevê, estreou de forma tímida com pequenas participações em séries como “Aline” e “Tapas e Beijos”.

Mais recentemente, apareceu na tevê paga em produções como “Bugados”, do canal infantil Gloob, e “Condomínio Jaqueline”, da Fox. “A tevê aberta não oferece espaço a atores não conhecidos. Tem muita gente boa e talentosa nos palcos que gostaria de estar na tevê e não tem uma oportunidade sequer. Acho que produtores de elenco precisam ir mais ao teatro”, opina.        

         Para 2024, Ed planeja levar seu monólogo “Eu Não Sou Harvey”, inspirado na biografia do político e ativista gay estadunidense Harvey Milk, para o Rio de Janeiro. Além disso, também quer realizar um sonho antigo: atuar em uma novela. “Sou apaixonado por televisão e nunca fiz teste para um folhetim. É um absurdo e quero mudar isso”, avisa, aos risos.  

Betinho: No Fio da Navalha” – Globoplay – primeira temporada disponível.

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