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Caderno B Sexta-feira, 17 de Agosto de 2018, 00:00 - A | A

17 de Agosto de 2018, 00h:00 - A | A

Caderno B /

Gelo particular

Carta Z -



POR GERALDO BESSA
TV PRESS

Conhecido por diversos personagens cômicos, o bom humor de Luiz Fernando Guimarães parece ficar apenas na ficção. No ar como o vilão Amadeu de “O Tempo Não Para”, o ator volta ao universo dos folhetins de forma protocolar e zero empatia. Principalmente, quando o assunto é o fracasso de suas últimas aparições na tevê – o desastroso “Divertics”, na Globo, e a fraca “Força na Peruca”, do Multishow – e a dificuldade em emplacar novas séries. “Não estava com saudades das novelas. Mas me chamaram e eu achei o projeto legal. Nunca me senti na geladeira. Eu é que me congelo e vou viver. Sempre soube guardar dinheiro. Então, não sou refém da televisão”, ressalta.
Carioca e “cria” do famoso grupo teatral Asdrúbal Trouxe Trombone, Luiz Fernando estrou na tevê na esteira do sucesso de sua trupe nos palcos. Depois de um pequeno papel em “Uma Rosa com Amor”, o ator acabou ganhando destaque a partir de tipos cômicos em novelas como “Vereda Tropical” e “Cambalacho”. Na virada dos anos 1980 e 1990, fez sucesso em programas como “TV Pirata” e “Programa Legal” e, a partir daí, passou a estrelar séries como “Vida Ao Vivo Show”, “Os Normais” e “Minha Nada Mole Vida”. “Não gosto de trabalhar muito. Então, as séries combinam como meu modo de produzir e com meu estilo de humor. É por isso que nunca tive contrato longo com a Globo. Só trabalho por obra”, assume.
P – Você esteve envolvido em séries durante boa parte de sua carreira na tevê. Como é voltar às novelas sete anos depois de “Cordel Encantado”?
R – Fiz tantas séries que criou-se uma lenda de que não faço novelas. Isso é uma grande besteira. É verdade que me sinto muito mais confortável fazendo séries e, principalmente, produções onde posso ter alguma autonomia artística. Gosto dos folhetins. Como em qualquer trabalho, existem prós e contras. Sou do tipo "workaholic" e me envolver com apenas uma produção durante tanto tempo sempre me deu uma certa agonia. Mas as novelas hoje estão menores, mais dinâmicas e o processo de atuação ficou menos mecânico.
P – Como assim?
R – No passado, não existia essa preocupação tão grande com a preparação dos atores. A gente começava a gravar de forma crua e se adequava ao personagem ao longo dos capítulos. Agora, temos mais tempo de buscar referências, testar ideias e conhecer nossos parceiros de cena. Isso me deixa muito mais confortável e seguro para trabalhar. Não tinha qualquer ideia de que faria novela e hoje estou muito feliz em fazer parte de uma.
P – A princípio, você se reuniu com o Silvio de Abreu para apresentar um novo projeto de série. Como acabou no elenco de “O Tempo Não Para”?
R – Eu e Silvio somos muito próximos desde os tempos de “Vereda Tropical” (1984). Fui discutir um projeto e ele me questionou sobre o fato de que eu rejeito novelas, que já tinha pensado em mim para vários personagens em tramas recentes, mas que não tocou no assunto porque sabia que eu não iria aceitar. Eu respondi: “Eu faço novelas. É só me convidarem para um papel legal”. Duas semanas depois, o Leonardo Nogueira me ligou para falar do Amadeu.
P – E o que o atraiu no personagem?
R – É um vilão diferente. Ele não quer separar casais ou ficar com a fortuna de alguém. Ele já é muito rico, inclusive. No entanto, apesar de tantos bens e de uma situação confortável, ele tem sérios problemas de saúde, sofre de uma doença pulmonar rara. O sonho dele é ser congelado e só acordar quando a medicina estiver apta a cuidar de sua doença. A partir disso, Amadeu é um grande incentivador da evolução da ciência e procedimentos médicos e vê no que aconteceu com a família de congelados uma chance de poder “parar o tempo” também. Ele não é um cara mau, só quer viver mais.
P – Desde “Dicas de Um Sedutor”, de 2008, que você não emplaca um projeto seu na grade da Globo. Qual a situação da ideia apresentada ao Silvio de Abreu?
R – Infelizmente, não foi para frente. Como somos amigos e agora ele é Diretor Artístico, quem sabe não fica para depois da novela? Estou sempre com alguma ideia na cabeça. Algumas saem do papel e outras não. Por sorte, não preciso da televisão para botar meus projetos para fora. Sou do teatro e é nos palcos onde eu mais me realizo.

“O Tempo Não Para” – Globo – De segunda a sábado, às 19h20.

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