POR MÁRCIO MAIO
TV PRESS
Não foi à toa que a Globo escalou “O Cravo e a Rosa” para ocupar uma das faixas de reprises da tarde. Afinal, a novela de Walcyr Carrasco está em sua quarta reexibição – terceira na própria Globo e uma no canal pago Viva –, mas sempre surpreende na audiência, mantendo médias quase sempre acima de 13 pontos atualmente. Para Luís Melo, que interpreta o banqueiro Batista na trama, isso era previsível. Afinal, mesmo depois de mais de 20 anos, seu personagem ainda é um dos mais comentados quando é abordado nas ruas. “Existem quatro papéis meus que o público guarda. Além do Batista de ‘O Cravo e a Rosa’, tem o Rubinho, de ‘Cara & Coroa’; o Diabo, de ‘O Auto da Compadecida’; e o Bento Manoel, de ‘A Casa das Sete Mulheres’. Mas, entre os mais populares, o Batista ganha”, enumera.
Entre as questões comentadas pelos fãs do folhetim, Luís não hesita na hora de responder qual é a mais recorrente. “Tem a relação com a Joana, interpretada pela Tássia Camargo, que tinha a brincadeira do periquito e da periquita. Sempre chegam com essas lembranças”, diverte-se. Na verdade, o curitibano, hoje com 64 anos, não consegue definir que cena mais ficou marcada em suas lembranças. Porém, arrisca alguns palpites. “O momento em que as filhas descobrem que o pai tem uma vida dupla e também a relação dele com a Joana, em que ela não sabe que ele é um banqueiro. As cenas em que ela colocava dinheiro no bolso, caso ele precisasse, sempre preocupada com o bem-estar dele, foram sequências que me marcaram bastante”, entrega.
P – Você acompanhando a reexibição de “O Cravo e a Rosa”? Na sua opinião, o que leva a novela a ter êxito em todas as exibições?
R – Sim, estou acompanhando. É uma história bem contada, uma adaptação que o Walcyr (Carrasco) fez, brilhantemente, do clássico da dramaturgia “A Megera Domada”, com outras situações puxadas dos grandes clássicos. Uma direção primorosa do Walter Avancini e do Mário Márcio Bandarra. A escalação do elenco foi um grande acerto: é pequeno, mas contou essa história de uma forma primorosa. Os cenários e os figurinos são lindos, a época dos anos 1920 é bonita, elegante, com muito charme.
P – Qual a importância desse trabalho em sua carreira? Batista é um de seus papéis mais marcantes?
R – Ele tinha um papel extremamente importante na história. Até hoje, as pessoas se lembram do banqueiro Batista, da vida dupla que ele levava com a Joana, personagem da Tássia Camargo, e da brincadeira do periquito e periquita entre eles, que resultou em momentos hilariantes na novela. Fazer esse personagem foi um momento muito especial. Trabalhei sob a batuta do Walter Avancini, com uma equipe extremamente coesa, que atuava com muito prazer. Isso refletia e trouxe um resultado marcante. Sem dúvida, Batista é um personagem importantíssimo para mim e minha carreira.
P – O que você mais lembra da preparação para interpretar um homem dos anos 1920?
R – Foram muitos desafios. Fazer novela de época é prazeroso, mas, ao mesmo tempo, é muito difícil também. Está distante do nosso dia a dia, nos leva a outro mundo, de muito glamour, com costumes diferentes. Meu personagem tinha muita influência europeia, principalmente francesa. Tinha esse lado desafiador dos costumes, mas com uma equipe maravilhosa de figurino, cenário e arte, além de um elenco sensacional. Foi fácil entrar nesse personagem.
P – Qual a principal lembrança que você guarda do período de gravações da trama e dos bastidores?
R – A principal lembrança é que nos divertíamos muito. Muitas vezes, era até difícil gravar as cenas, porque tinham momentos hilariantes. Bastidores tranquilos, as pessoas felizes trabalhando, fazendo sucesso, a gente se divertiu muito. Com a chegada da personagem da Drica Moraes, a Marcela, entrou muita luz na história.
P – Você é muito autocrítico ao rever um trabalho antigo?
R – Sou bastante autocrítico, sim. Mas é impressionante, porque com a maneira com que foi conduzida essa novela, a gente percebia muito a evolução de todos no decorrer do trabalho. Onde atirava, dava certo. Foi uma novela muito feliz e, por isso, até hoje, o público tem tanto carinho por ela.
“O Cravo e a Rosa” – Globo – Segunda a sexta, às 14h45.