Márcio Maio/ TV Press
Sabrina Sato voltou ao encontro direto com o público, mas de um jeito inusitado. Em “Sua Maravilhosa”, do GNT, ela abandona a persona reconhecível, se monta em cinco personagens diferentes e se infiltra em situações do cotidiano para conhecer, de perto, mulheres em momentos decisivos de vida. A proposta exige menos holofote e mais escuta – o que mexe profundamente com a apresentadora. “Nesses mais de 20 anos de carreira, posso dizer que esse é um dos momentos mais desafiadores que passei”, admite.
O desafio começa antes da gravação: disfarçar traços inconfundíveis, do timbre à pinta na testa. “Me descaracterizar é um trabalho muito difícil. São muitas coisas, gente! Foi um trabalho de meses”, conta, citando a preparação com a atriz Eliana (Lili) Fonseca. A virada de chave cobra outra temperatura de presença: controlar a energia, alongar o silêncio e dar espaço para que outras histórias apareçam. “Sempre fui uma boa ouvinte, mas sou uma ouvinte inquieta. E, aí, tive de mudar esse tom”, assume.
A vulnerabilidade também entra em cena. Inclusive a da própria apresentadora. “Como era tudo muito real, lembro de me pedirem, no ponto, para não chorar”, confessa.
O efeito, aparentemente, surpreendeu Sabrina. “Às vezes, com o meu sorriso, eu também mascaro muitas coisas. E esse programa conseguiu tirar essas minhas camadas que eu mesma fui colocando ao longo de tantos anos”, reflete.
A construção das personagens partiu de um laboratório afetivo, coletivo e bem-humorado, guiado por referências que iam de professoras do passado a amigas próximas – com direito até a uma trilha para cada personalidade.
“Montamos uma playlist para cada personagem e eu estou ouvindo todas. Uma que escuta pagode, outra escuta MPB, a outra ouve K-pop... Foi um processo divertido, desafiador e de muito aprendizado”, resume.
No set, a missão é homenagear e provocar viradas de chave em mulheres que lidam com temas universais, como autoestima, medo, recomeços, maternidade e síndrome da impostora.
“Temos de lembrá-las o quanto são maravilhosas e incríveis”, afirma. A identificação é direta. “Sempre estou duvidando de mim… Se isso acontece comigo, imagina para a maioria das mulheres que, às vezes, se tornam invisíveis perante a sociedade?”, indaga. “Sua Maravilhosa” – Terças, às 22h45, no GNT.
foto/ divulgação

Transformações intensas
O ritual de transformação de Sabrina começava horas antes de cada gravação, com próteses e testes de voz guiados pela preparadora Lili Fonseca – ajustes essenciais para que as conversas fluíssem sem o peso do reconhecimento imediato. “Só de montação, demorava umas seis horas… Aprendi a controlar um pouco da minha energia”, diz.
Disfarçada, ela percebeu algo simples, mas poderoso a respeito do contato com os outros: muitas vezes, basta abrir espaço. “Tem pessoas que só precisam ser ouvidas. Tinha momentos em que eu precisava falar muito pouco”, revela. E, se a tentação de “ser Sabrina” aparecia, a lembrança do ponto mantinha a missão no trilho: segurar expressões como “gente” e “é verdade” para deixar a história da entrevistada da vez brilhar.
Mais do que truques de maquiagem, a descaracterização virou símbolo. Sabrina experimentou próteses de testa, nariz e bochecha, dentadura e ajustes de voz e sotaque. E gostou da sensação de sumir para aparecer de outro jeito.
“Foi um poder muito grande”, diverte-se, sem abrir mão do próprio ícone.
“Demorei tanto para aprender a amar (a pinta)… me diverti com esse momento, mas não vou tirar o meu sinal”, garante.
Instantâneas
# Sabrina se tornou conhecida ao participar do reality show “Big Brother Brasil 3”. Ela foi eliminada na oitava semana
# Sabrina Sato estreou como atriz na série de televisão “Reality Z”, da Netflix, lançada em 2020.
# Sabrina nasceu e foi criada em Penápolis, cidade do interior de São Paulo, e tem 44 anos.
# Sabrina é mãe de Zoe, que completa 7 anos em novembro, fruto de seu relacionamento com o ator Duda Nagle, de quem se separou em 2023.