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Caderno B Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025, 09:42 - A | A

01 de Agosto de 2025, 09h:42 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Ordem na casa

De volta às novelas, Luís Salém fala das inspirações e nova dinâmica do mordomo Eugênio de “Vale Tudo”



 GERALDO BESSA/TV PRESS

    Luís Salém ficou surpreso quando recebeu o convite para retornar às novelas em “Vale Tudo”. Morando em Salvador, na Bahia, há oito anos, e se dedicando a projetos sociais que utilizam as Artes Cênicas como forma de inclusão, ele viu no convite da autora Manuela Dias uma boa oportunidade para matar as saudades dos estúdios de tevê na pele do sensível e solitário Eugênio, mordomo da poderosa família Roitman. 

“Dirigi a primeira peça escrita pela Manuela, lá em meados dos anos 1990. É um reencontro profissional muito legal tantos anos depois. Além disso, fico muito feliz em viver um personagem interpretado originalmente pelo Sérgio Mamberti, um ator que sempre me inspirou”, valoriza.
    Natural do Rio de Janeiro, Salém já era um nome conhecido do teatro carioca – especialmente dos espetáculos de comédia – quando estreou na tevê, primeiro fazendo pequenas pontas em produções como “Desejo” e “Vamp”, até conseguir papéis de destaque em tramas como “Salsa e Merengue” e no remake de “Anjo Mau”.

Experiente na direção teatral, Salém também sempre foi apaixonado pelo lado mais educacional das artes cênicas e chegou a dar aulas de interpretação na famosa Casa das Artes das Laranjeiras. Aliás, foi na área de formação de atores em projetos sociais que ele passou a investir desde que trocou o Rio por Salvador. “A mudança se deu por motivos muito pessoais.

O Rio de Janeiro deixou de ser a cidade que eu estava acostumado, me sentia triste e solitário. Morar em Salvador me faz muito bem. Foi onde iniciei um trabalho mais voltado para o social, falando sobre arte e audiovisual como orientador de jovens do Projeto Axé. É para onde eu volto assim que a novela acabar”, planeja.

P – Sua última novela foi “Aquele Beijo”, de 2011. Como surgiu o convite para “Vale Tudo”?
R – Estava quietinho no meu canto, em Salvador, e um dia tocou o telefone e era a Manuela (Dias, autora), me convidando para fazer a novela. A gente se conhece há muito tempo e fiquei feliz por ela ter lembrado de mim para esse personagem. Dirigi a primeira peça escrita por ela e a gente nunca mais se encontrou profissionalmente. Porém, nunca parei de observar o trabalho de criação dela.
P – Foi o que fez você acertar seu retorno aos folhetins?
R – Com certeza. Sou muito fã da dramaturgia que ela tem proposto. Assisti “Justiça”, “Justiça II”, “Amor de Mãe”. É incrível o amadurecimento dela como escritora. É o tipo de texto que me interessa muito. Voltar a trabalhar com ela, agora eu atuando, e em um projeto bonito que revisita um dos maiores clássicos da teledramaturgia, foi irresistível.

Meu personagem é encantado com aquela vida de luxo, com o trabalho dele para manter o funcionamento da mansão


P – Na versão original da novela, Eugênio era um tipo mais teatral e central na trama. Como você avalia o personagem no remake?
R – O personagem retornou bem diferente. Antes ele tinha a questão das citações cinematográficas, do culto às divas dos anos dourados de Hollywood. Não sei qual foi a inspiração da autora, mas acredito que essa nova versão é mais humanizada. Aos poucos, o texto tem dado pistas e mais informações sobre o Eugênio além da figura do mordomo.
P – Em que sentido?
R – Meu personagem é encantado com aquela vida de luxo, com o trabalho dele para manter o funcionamento da mansão, carrega uma preocupação em atender, em servir. A paixão pelo cinema foi substituída pela adoração à família Roitman. Eugênio tem uma relação de afeto verdadeira com Heleninha (Paolla Oliveira). Mas existe um vazio dentro dele, uma solidão latente. Essas questões são melhores discutidas hoje em dia.
P – Apesar das diferenças, você chegou a se inspirar em alguma característica do Eugênio interpretado pelo Sérgio Mamberti?
R – Além de um grande ator, Mamberti é uma eterna inspiração para mim. Eu era adolescente quando o vi nos palcos pela primeira vez em “Calabar”. Ele era um sujeito doce, extremamente culto, politizado e engajado. Para minha sorte e felicidade, trabalhamos juntos no remake de “Anjo Mau”, da Maria Adelaide Amaral e foi incrível. Então é emocionante reviver o Eugênio que ele fez de forma tão brilhante em 1988.


“Vale Tudo” – Globo – de segunda a sábado, às 21h.

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