Jornal Mato Grosso do Norte
por Anna Bittencourt
TV Press
Rafael Cortez se joga em novas oportunidades de trabalho sem receio. Ator de formação, "cria" da publicidade e do humor "stand up", ele construiu sua trajetória na tevê indo atrás de novas possibilidades em diferentes emissoras. Após uma temporada no "CQC", da Band, foi para a Record com a promessa de ganhar um espaço na linha de shows. Sem os projetos ou relevância esperados, voltou à Band para a produção que o alavancou. Agora, chega ao "Vídeo Show", da Globo, com a esperança de fazer carreira. "Só faço o que me dá prazer e vou atrás de onde posso encontrá-lo. Sem amarração ou qualquer tipo de deslumbre. Televisão é minha prioridade, me deixo levar por bons projetos, que me divirtam. Se necessário, recomeço mil vezes", garante ele, que se divide entre a bancada e a equipe de reportagem da revista eletrônica global. No programa, Cortez se descreve como "pau para toda obra". Sempre na ponte aérea entre o Rio de Janeiro, onde ficam os estúdios Globo, e São Paulo, onde tem sua residência fixa, se divide para atender às demandas do programa. "Faço reportagens, aqui ou lá, e corro para a bancada. Essa flexibilidade me motiva muito", jura.
P – Como começaram as negociações com a Globo?
R – Eles tiveram de "rebolar". Tinham seis emissoras atrás de mim (risos). Falando sério, começou com um "namorico", desde dezembro do ano passado. Era uma negociação suave, sem pressa. Tinha surgido essa oportunidade no "Vídeo Show" e a gente foi conversando, aparando as arestas. Antes de saber que o "CQC" ia acabar, já estava negociando. Mas tive de segurar minha boca, não podia sair falando para todo mundo. Até porque o programa que eu coapresentava estava passando por uma fase delicada.
P – E como você encarou o fim do "CQC"?
R – De forma bastante serena. Não tinha certeza do que ia acontecer, mas já esperava por isso. A sensação era como ter um parente querido muito doente no hospital. Ele está lá, mas você sabe que ele está indo embora. Então, foi uma coisa natural, mas não menos dolorosa por isso. Fizemos várias despedidas, rimos e choramos. Mas a Band disse que ele vai voltar. E acho que vai ser muito legal quando isso acontecer.
P – O "Vídeo Show" vai ao ar à tarde, em um horário que você nunca esteve na tevê. Isso muda o seu "approach"?
R – Pois é, estamos ao vivo às duas da tarde. Para mim, foi um susto no início. Não tem nada a ver com o que eu já fiz. Tudo que o público conhece de mim, das minhas reportagens no "CQC", do meu humor ácido, teve de ser modificado. Claro que esses fatores continuam lá, eu sou a mesma pessoa. Mas tive de adaptar para atender a quem estava assistindo. É uma questão de costume, tanto para mim quanto para quem está vendo. Agora, por exemplo, em vez de falar "bunda", vou falar "poupança" (risos).
P – Na Record, você chegou a trabalhar como ator, em "A Nova Família Trapo". Tem vontade de seguir na mesma linha na Globo?
R – Preciso primeiro conquistar a emissora e o público dela. E só isso já vai ser um processo árduo. Mas eu chego lá. Não fico fazendo planos para a dramaturgia ou para ter um programa só meu. Claro que existem minhas vontades e sonhos pessoais. Mas vou com calma. Eu visto a camisa dos projetos em que estou. Agora, estou a serviço do "Vídeo Show", minhas forças estão dedicadas a isso. O que posso dizer, a princípio, é que minha meta é apresentar o "Domingão do Faustão" (risos).
P – A música também sempre foi um viés muito forte na sua carreira. Quais são os próximos planos nesse aspecto?
R – Estudei cinco anos para ser um violonista de concerto (risos). Mas o violão que toco hoje é mais descompromissado. A música é muito presente na minha vida e sempre vai ser. Antes de ser jornalista, antes de ser humorista, eu era músico. Meu maior projeto agora é o MDB, Música Divertida Brasileira. Estou rodando com o show desde 2014, ao lado da banda Pedra Letícia. E, em julho, vamos lançar o CD. Nossa "pegada" é resgatar composições consagradas da MPB e apresentar em outras versões.
"Vídeo Show" – Globo – De segunda a sexta, às 14 h.