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Caderno B Sexta-feira, 03 de Agosto de 2018, 00:00 - A | A

03 de Agosto de 2018, 00h:00 - A | A

Caderno B /

Cinco perguntas: Na labuta

Carta Z -



por Geraldo Bessa
TV Press

O trabalho molda a vida de Ana Beatriz Nogueira. Quando não está vivendo alguma personagem na tevê, a atriz está envolvida em projetos para o teatro ou cinema. Em muitos momentos, faz as três coisas ao mesmo tempo. Disciplinada e sempre disposta, boa parte dessa rotina atribulada é uma forma de Ana lidar com o diagnóstico de Esclerose Múltipla, doença que convive desde 2009 e mantém sob controle e sem sequelas. "A vontade de trabalhar, produzir coisas e ter novas experiências profissionais me faz levantar todos os dias da cama e me cuidar para que eu tenha uma vida plena", conta a intérprete da sonsa Isadora de "Malhação - Vidas Brasileiras". Além de ser um dos destaques do elenco adulto da produção, a atriz também está nos palcos do Rio de Janeiro com o espetáculo "Mordidas" e ainda segue escalada para a próxima novela de Aguinaldo Silva no horário das nove. "Adoro fazer várias coisas ao mesmo tempo. O teatro me renova e a tevê me dá repertório", garante.
Carioca e com um prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim por seu papel em “Vera”, de 1987, no currículo, Ana é uma das atrizes mais respeitadas e disputadas de sua geração. Estreou na tevê nos anos 1980, tempos áureos da extinta Manchete, onde fez "Mania de Querer" e "Kananga do Japão". A partir da década seguinte, desenvolveu uma extensa trajetória na Globo, onde se destacou em sucessos como "O Rei do Gado", "Anjo Mau" e nas recentes "Além do Tempo" e "Rock Story". "Sempre que uma produção acaba surgem três outros convites interessantes. Gostaria de fazer tudo, mas sou apenas uma", diverte-se. Atualmente, além de "Malhação", Ana pode ser vista na reprise de "Celebridade" no "Vale a Pena Ver de Novo". De vez em quando, a atriz assume que assiste ao folhetim para relembrar o clima de festa nos bastidores da trama de Gilberto Braga, exibida originalmente em 2003. "Era um encontro com a minha turma de adolescência. Uma delícia encontrar todos os dias com pessoas que começaram junto comigo e frequentavam os mesmos lugares, como Julia Lemmertz, Isabela Garcia, Malu Mader, Marcos Palmeira e Deborah Evelyn. E somos todos muito amigos até hoje", emociona-se.
P - A atual temporada de "Malhação" investe em muitas participações especiais e tem um elenco adulto reforçado. O que a atraiu para o projeto?
R - Foi uma série de fatores. Sempre que chega um convite, analiso com carinho tudo e todos os que estão envolvidos. Sempre admirei "Malhação" por ser um produto que valoriza os atores que estão entrando no mercado de televisão. É uma grande vitrine e um lugar onde é possível encontrar renovação. Gostei da personagem e achei que a trama traz temas muito importantes. E, além de abordar o cotidiano de descobertas dos jovens, vai além.
P - O marido de sua personagem foi preso e ela se vê envolvida em um grande esquema de corrupção. Como você encara viver na ficção uma situação tão corriqueira nos noticiários?
R - É muito louco, não é? O lado bom disso tudo é que o ator nem precisa ir muito longe para buscar inspirações e referências. Isadora é uma criatura atordoada. Ela não sabe o que fazer com esse "baque" na vida pessoal e financeira. O texto ainda não me diz ao certo se ela sabia de tudo ou não. Estou trabalhando com possibilidades. Ela pode mesmo não fazer ideia das falcatruas do marido ou finge não saber para não se sujar. Essa história é um microcosmo do Brasil. A gente liga o "Jornal Nacional" e a leitura é óbvia.
P - Como é esse encontro com um elenco mais jovem?
R - Tive uma prévia desse contato em "Rock Story", onde vivi a mãe dos personagens do Rafael Vitti e da Marina Moschen, que tinham acabado de sair de "Malhação", inclusive. Então, deu para ter uma noção. O que eu acho mais bonito é que é muito nítido que eles querem muito estar na novela. Essa temporada teve uma bateria de testes exaustiva e a direção teve muito cuidado com a escalação. Então, é possível sentir que eles estão nervosos, mas que o talento existe e eles estarão sempre prontos para entregarem o melhor de si em cena. De certa forma, os mais experientes acabam aprendendo muito também.
P - Antes do convite para "Malhação", você estava reservada para a próxima novela do Aguinaldo Silva, que foi adiada por problemas jurídicos e tem nova estreia prevista para novembro. A escalação continua de pé?
R - Com certeza. Foi tudo acertado com a direção da Globo. Fico cerca de cinco meses em "Malhação" e depois começo a preparação para viver a Ondina. Ainda sei muito pouco sobre a personagem, o mais importante de tudo é que vou realizar um desejo antigo de trabalhar com o Aguinaldo. Eu sempre estava envolvida com outros projetos e fiquei muito feliz com a possibilidade de fazer um texto dele.
P - Você recentemente revelou que é portadora de Esclerose Múltipla, doença autoimune que pode afetar os nervos e a coordenação motora, mas que você mantém em estágio controlado e sem sequelas. Em algum momento você achou que tornar isso público poderia afastar convites de trabalho?
R - A gente pensa em todas as possibilidades, não é? Muitos amigos próximos me falaram para deixar isso quieto e que ninguém precisava saber da minha doença. Mas sentia muita necessidade de contar, fazer minha parte contra o preconceito com outras pessoas que têm o mesmo problema e informar que é possível fazer o diagnóstico precoce e ter uma vida bem tranquila. Esclerose Múltipla não é um vírus ou bactéria, não é transmissível. É uma doença cognitiva e que se manifesta de várias maneiras. Falar sobre o assunto e saber que estou ajudando as pessoas é gratificante.

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