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Caderno B Sexta-feira, 12 de Abril de 2024, 09:11 - A | A

12 de Abril de 2024, 09h:11 - A | A

Caderno B / VITRINE

Chega de silêncio

Como o publicitário Eriberto de “Renascer”, Pedro Neschling dá voz e visibilidade a pessoas com deficiência auditiva



por Márcio Maio TV Press         

        Representatividade e diversidade são palavras cada vez mais comuns nos lançamentos de novelas no Brasil. Quando se fala dessa movimentação, porém, o que mais ganha

espaço são as questões ligadas à igualdade racial, orientação sexual e, mais recentemente, à identidade de gênero. Porém, outro grupo tem visto uma abertura maior na televisão: os PCD, ou pessoas com deficiência. Inclusive a partir de rostos mais conhecidos. Pedro Neschling estava afastado das novelas desde 2013, quando integrou o elenco de “Joia Rara”, na Globo. Mas voltou à emissora para encarnar o despojado e bonitão Eriberto, ex-sócio de José Venâncio, personagem de Rodrigo Simas em “Renascer”.

o Brasil está longe de conseguir formar uma sociedade capaz de lidar com pessoas com deficiência

E, pela primeira vez, o ator grava com aparelho auditivo, que o auxilia com a deficiência auditiva. “Sou surdo provavelmente a vida inteira. Descobri minha surdez aos 18 anos, quando comecei a usar aparelho. Ele me ajuda a lidar com ambientes barulhentos, a ter uma vida social mais confortável”, conta Pedro, que é filho da atriz Lucélia Santos e do maestro John Neschling.        

         Inspirar outras pessoas que enfrentam limitações auditivas parece ser um dos principais pontos de destaque de seu personagem no folhetim das 21h da Globo. Afinal, para ele, o Brasil está longe de conseguir formar uma sociedade capaz de lidar com pessoas com deficiência.

Me sinto meio obrigado a falar disso, a ajudar pessoas que tenham essa deficiência e sintam alguma vergonha. A gente precisa evoluir”, analisa. Pedro, na verdade, começou a falar sobre o assunto há algum tempo. Hoje com 41 anos, foi há quase dez que começou a usar aparelho, em função de sua deficiência auditiva parcial.            

     Além de dar visibilidade ao tema da surdez, a partir do próprio uso do aparelho em cena, “Renascer” também marca um retorno de Pedro aos folhetins. Na verdade, é quase um sabor de estreia na tevê. “Faz 20 anos da minha primeira novela e já tem 10 anos da última.

Então, o frio na barriga é o de primeira novela, parece que é a única”, conta, animado. A sensação, aliás, trouxe mais leveza à rotina de trabalho. “Acho que, pela primeira vez, estou aproveitando cena a cena, dia a dia do processo. Antes, ficava muito nervoso. Isso passou e estou apenas me divertindo”, avalia.      

           Na trama, Eriberto era amigo e parceiro de trabalho de José Venâncio, mas acabou se entregando ao desejo que sentia por Eliana, vivida por Sophie Charlotte, ex-mulher do amigo. Mesmo assim, Pedro foge da possibilidade de ver Eriberto como um talarico – expressão usada para descrever quem se envolve de forma inapropriada com quem tem compromisso amoroso com suas amizades.

Acho que ele é honesto, não esconde o interesse que tem. Estou curtindo para caramba, cada cena é um presente. É uma troca incrível, o Rodrigo virou um amigo querido”, diz.     

            Na pele de Eriberto, Pedro vive uma realidade diferente da maior parte de seus colegas de elenco. Isso porque faz parte de um remake, mas dá vida a um personagem que não existia na versão original. Com isso, não teria qualquer impacto em sua composição individual ver ou não os capítulos exibidos na década de 1990.

É uma adaptação e um personagem inédito. Eu estou apaixonado pelo texto atual, pelos meus colegas. Então, prefiro mergulhar nesse universo. Esse meu retorno à tevê veio no momento certo, com o projeto certo. Não consigo imaginar hora melhor para voltar às novelas”, acredita.  

Renascer” – Segunda a sábado, na faixa das 21h da Globo.

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