Sábado, 13 de Setembro de 2025

Caderno B Sexta-feira, 12 de Setembro de 2025, 10:02 - A | A

12 de Setembro de 2025, 10h:02 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Maternidade densa

Fabiula Nascimento, a advogada Helena em “Dias Perfeitos”, fala dos impactos da maternidade na carreira



por Márcio Maio TV Press    

             Em “Dias Perfeitos”, série original do Globoplay lançada em agosto, Fabiula Nascimento encara um dos papéis mais desafiadores de sua trajetória. Na trama, adaptação do livro homônimo de Raphael Montes e com direção de Joana Jabace, ela dá vida à advogada criminalista Helena, mãe da protagonista Clarice, papel de Julia Dalavia. A personagem se mostra dura e, muitas vezes, distante da filha.

Helena é uma mulher muito autocentrada, que faz parte desse clã de gente racista, machista, sexista... Para ela, o que presta é o que ela pensa. Não consegue olhar para os outros”, define a atriz.           

      A experiência coincidiu com um momento muito particular da vida de Fabiula: a maternidade recente. Mãe dos gêmeos Roque e Raul, de 3 anos, frutos do casamento com o também ator Emilio Dantas, ela conta que o nascimento dos filhos mudou completamente sua forma de enxergar o mundo e, consequentemente, o trabalho. “Nada mais foi igual. Eles me fazem uma mulher melhor, isso é fato”, resume.         

        O momento também marca a presença constante de Fabiula em projetos de destaque. Além de “Dias Perfeitos”, a atriz protagoniza seu primeiro filme, “Uma Mulher Sem Filtro”, atualmente em cartaz. E ainda está envolvida na nova versão do seriado “Carga Pesada”, desta vez protagonizada por duas caminhoneiras, em parceria com Thalita Carauta.

Está em pré-produção, mas ainda não temos datas”, desconversa.

P – Como você enxerga a Helena, sua personagem em “Dias Perfeitos”?

R – É uma mãe complexa, complicada. A gente sabe que quando a família é boa, é boa. Mas, quando é ruim, é ruim! Helena é uma mulher muito autocentrada, que faz parte desse clã de gente racista, machista, sexista... Para ela, o que presta é o que ela pensa. Não consegue olhar para os outros. Apesar de ser uma advogada criminalista, não acredito que ela seja uma apreciadora dos direitos humanos.

P – Você se tornou mãe há pouco tempo. Foi complicado construir uma personagem assim?

R – Ah, foi uma personagem difícil de digerir. Ela tinha uma liberdade também no palavreado, nos sentimentos, mas vinha contra tudo que eu vivia naquele momento, amamentando dois meninos. Esse foi meu segundo trabalho (após o parto). Fiz o filme “O Auto da Compadecida 2”, que era uma grandíssima diversão, e caí com o Joana Jabace, em “Dias Perfeitos”. Foi um choque, meu corpo ainda estava todo voltado para os meus filhos. Meus peitos enchiam de leite. Eu amamentava, saía cedinho e ia para o set. Eles já comiam, claro, mas ainda mamavam – mamaram até os dois anos. E era desconfortável vestir a Helena nessa fase. A gente ama o que faz, eu tinha um set agradabilíssimo, onde eu me diverti muito também, mas quando a gente fala de maternidade, construir uma mãe nesse arquétipo é dureza.

P – Você disse que a Helena “faz parte desse clã de gente racista, machista, sexista”. Hoje, é cada vez mais comum o público se identificar com tipos odiosos na teledramaturgia. Como você vê isso?

Estou com 47 anos, lancei um filme com minha primeira protagonista no cinema no dia do meu aniversário

R – Eu acho superperigoso. Mas não tem como gostar da Helena. O humor traz uma diferença para as vilãs. Uma bem-humorada, novelística, tem a comédia, uma graça envolvida. Minha personagem não, ela é puramente essa gente com preconceito, que é horrorosa e está solta por aí, que existe. Então, meu compromisso era retratar essa pessoa e eu não queria adocicar, porque ela não é nada doce.

P – Você começou no teatro, se tornou conhecida no cinema e no seriado “Força-Tarefa”, mas após “Avenida Brasil” foram muitas novelas no seu currículo. Como é estar em atividade em muitas janelas?

R – Tenho 30 anos de carreira e fiquei apenas um deles parada, o tempo necessário para o nascimento dos meus filhos. Estou com 47 anos, lancei um filme com minha primeira protagonista no cinema no dia do meu aniversário. Uma correria grande e nada mais justo do que colher os frutos. Às vezes, eles demoram, mas a gente colhe. Eu quero é saber o que vão me oferecer ainda, porque tem muita história boa para contar. Eu acredito que agora, nessa idade, vão chegar personagens que eu nunca fiz, como a jovem avó, a dona sei lá o que, a mulher 40+...

P – A nova versão feminina de “Carga Pesada” já se encaixa nessa sua visão...

R – Acho que em relação à idade, não, mas quanto às conquistas na carreira, sim. E é uma mulher levando o projeto à frente, a Thalita Carauta que encabeçou isso, que fez o corre todo para a gente gravar o nosso teaser e apresentar à Globo. A gente espera que aconteça. Está em pré-produção, mas ainda não temos datas.  

Dias Perfeitos” – Globoplay.

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