por Márcio Maio
TV Press
As coisas acontecem na hora em que devem acontecer. Pelo menos é assim que Thaís Melchior pensa. A oportunidade para interpretar a judia Raquel em “Gênesis”, novela bíblica da Record, por exemplo, veio exatamente no momento certo. “Logo quando o meu contrato com o SBT acabou, no final do ano passado, surgiu esse convite”, recorda ela, que interpretou por quase dois anos a severa Luísa em “As Aventuras de Poliana”, na emissora de Silvio Santos.
De cara, Thaís se encantou pela personagem bíblica. Primeiro, por se tratar de uma história que já é conhecida de boa parte dos telespectadores da trama – na minissérie “Lia”, exibida pela Record em 2018, a irmã da protagonista, Raquel, foi defendida por Graziella Schmitt. Também porque, segundo a atriz, trata-se de um registro completamente para ela. “É de uma complexidade instigante. Raquel veio e me revirou como artista. Me trouxe coragem”, garante.
Na história, Raquel era uma jovem com uma relação problemática com o pai, Labão, vivido por Heitor Martinez, e que não via a hora de se livrar da família. Para isso, planejava se casar com um homem rico e, assim, ter a vida que sempre sonhou. Mas Jacó, papel de Miguel Coelho, apareceu. “Ele se apaixona por ela no primeiro momento. Como Lia (Michelle Batista) era a filha mais velha e teria de se casar primeiro, Labão armou, colocou papoula na bebida de Jacó e o casamento aconteceu entre ele e Lia”, explica Thaís, justificando a disputa que se instaura entre as irmãs.
Um acordo, porém, foi feito com Labão e Jacó, finalmente, conseguiu se casar com Raquel. É quando outro conflito surge. “A dificuldade dela para engravidar, em contraponto com Lia, que gera o primogênito e, em seguida, tem um filho atrás do outro. Até que Raquel consiga ser mãe, tem muita história”, avisa Thaís, que teve de fazer workshop de pastoreio para interpretar a personagem.
Para o trabalho de composição, a carioca contou com a ajuda da preparadora Fernanda Guimarães. “Fizemos um trabalho minucioso de corpo, voz e interpretação. Na parte de pesquisa, tivemos palestras com historiadores, além do estudo bíblico e inspirações em filmes e séries que nos ajudassem a entender os conflitos e posturas da época”, conta. Quanto à minissérie “Lia”, ela decidiu se manter distante. “Não assisti, preferi começar do zero. Gosto de explorar bastante o perfil da personagem e o que o texto me dá. Quis criar a minha Raquel”, defende.
Essa, no entanto, não é a primeira vez que Thaís explora o universo bíblico. Ela esteve no elenco de “A Terra Prometida”, na pele da corajosa Aruna. Uma experiência que, de alguma forma, já serviu como uma preparação para o momento atual. “Principalmente em relação à prosódia e à caracterização, com vestidões e cabelos alongados, por exemplo. Já consigo me sentir confortável nesse lugar”, diz. Quanto a gravar diante de protocolos de segurança em função da pandemia, apesar de ser uma readaptação, também é motivo de orgulho. “Estamos levando um entretenimento inédito para o público, no meio de tanta tristeza. Então, todo esforço vale a pena”, frisa.
“Gênesis” – Record – Segunda a sexta, às 21h.