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Caderno B Sexta-feira, 02 de Dezembro de 2022, 09:15 - A | A

02 de Dezembro de 2022, 09h:15 - A | A

Caderno B / VITRINE

Todas as cores

Apresentadora do “Sexta Black”, do GNT, Luana Génot quer falar de raça com naturalidade e acompanhada de quem entende do assunto



POR GERALDO BESSA
TV PRESS

 

A televisão chegou à vida de Luana Génot como um reflexo de seus trabalhos. Escritora premiada, publicitária, colunista e Diretora Executiva do Instituto Identidades do Brasil, ela sempre sentiu que o vídeo carecia de produções que pudessem refletir os problemas étnicos-raciais de forma clara e sincera. Ao lado dos parceiros Jorge Espírito Santo e Shirlene Paixão, Luana formatou o talk-show “Sexta Black” e ofereceu ao GNT. Inicialmente, o canal pago escalou a ideia para sua plataforma no YouTube, mas com a boa repercussão da produção logo migrou a produção para a tevê fechada. “O programa nasceu justamente da intenção de levar uma criação idealizada por pessoas negras ao canal. E fomos muito acolhidos por eles. O que mais me encanta é a intencionalidade do formato. Convidamos pessoas de panoramas étnico-raciais diferentes para falarem sobre suas vivências com raça”, conceitua.
Com a terceira temporada recém-lançada no canal pago, Luana se empolga com o crescimento da ideia, a diversidade e a relevância dos convidados, que nesta nova leva mostra os encontros da apresentadora com a ativista da causa indígena Txai Suruí, a funkeira Valesca Popozuda, o ator Sergio Malheiros, a atriz Jacqueline Sato e o Padre Reginaldo Manzotti. “É muito raro vermos pessoas brancas, na televisão, falando sobre raça. Isso porque muitas vezes consideramos que apenas pessoas negras, amarelas ou indígenas são racializadas, pelas opressões que sofrem, mas a verdade é que pessoas brancas também são racializadas. E devem, sim, dialogar sobre isso. Falando sobre o privilégio branco, por exemplo”, pontua. Com convidados tão representativos e diferentes entre si, Luana confessa que sempre fica impactada e pensativa ao final de cada gravação. No papo com o Padre Reginaldo Manzotti, por exemplo, ela parou para pensar pela primeira vez sobre o racismo eclesiástico e as questões raciais dentro da igreja católica. “É uma discussão um tanto inédita na sociedade brasileira, apesar de sermos uma país enraizado nas tradições cristãs. Estou sempre aprendendo muito com meus convidados”, garante.
Para ter uma temporada relevante, a apresentado diz é necessário muito trabalho no período de pré-produção do programa. É por isso que cada passo da produção tem toda a atenção. O grande cuidado reside em sua insistência para que o formato seja sempre “quente”, mantendo as pautas o mais próximas possíveis da realidade contemporânea. “Participo muito ativamente dos bastidores. É claro que não entrei entendendo 100% do processo de audiovisual, mas temos uma equipe maravilhosa, afiada e capaz, que me guia nesse trabalho”, ressalta. Quando idealizou um episódio para abordar relacionamentos interraciais, por exemplo, ela logo pensou em como seria interessante debater o tema com Sérgio Malheiros, que namora há muitos anos a também atriz Sophia Abrahão. “A conversa foi muito especial devido à sinceridade e à disponibilidade do Sérgio em falar sobre questões que são muito particulares”, elogia.
Natural do Rio de Janeiro, Luana lembra perfeitamente da primeira vez que sentiu o preconceito por ser preta: aos 9 anos, teve de mudar de escola ao se tornar alvo de ofensas. Ciente que a educação era o caminho para que ela se destacasse na vida, a pauta racial se tornou uma bandeira desde sua formação em Publicidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, passando pela especialização nos Estados Unidos e chegando ao Mestrado sobre Igualdade Social, tendo como parâmetro os depoimentos sobre raça na rede Facebook. Com muito a dizer e tendo a tevê como plataforma, além do trabalho no GNT, ela também é uma das juradas do “Ideias à Venda”, competição da Netflix onde pequenos empreendedores brasileiros apresentam ideias de negócios e concorrem a um prêmio de R$ 200 mil. “Dificilmente me vejo representada nos programas de televisão. O momento é de luta para que a diversidade esteja presente à frente das câmeras e em postos de destaque nos bastidores. Que consigamos mais inserções, em novas grades, para atingirmos públicos cada vez maiores”, torce.

 

“Sexta Black” - GNT - sextas, às 23h50.

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